“Foi o leve pânico e a maneira suave como ela falou essas palavras que me fizeram saber que meu pai era uma pessoa magoada, que seu amor por mim era verdadeiro, imenso e permanente como o céu, que esse amor sempre pesaria sobre mim. Era o tipo de amor que mais cedo ou mais tarde nos obriga a uma escolha: libertar-se à força ou ficar e resistir ao seu rigor, mesmo que nos reduza a algo menor do que nós mesmos.” (Pari, página 318)
O silêncio das montanhas, é um conjunto de histórias incríveis, apesar de uma trama central a separação de dois irmãos que são verdadeiras almas gêmeas o livro trás vários personagens que roubam a cena o tempo todo. Primeiro roubam o papel de narrador e aos poucos nos dizem “Ei nós também somos importantes! Você já já vai saber o que aconteceu com Pari e Abdullah, mas antes me deixe te contar uma puta história da minha vida.” E isso vai se sucedendo e você fica apaixonada querendo saber mais daquele personagem e depois fica sabendo já pela voz de outro eu tão cativante e marcante quanto. (Também tem os que somem e você fica com aquele gostinho de quero mais…) Em uma terra de misérias mas também de uma cultura rica, surgem personagens fortes que enfrentam situações dramáticas mas que ensinam muito. São histórias de amores sem fronteiras, amores eternos, amores passageiros, melancólicos, visíveis e invisíveis, possíveis e impossíveis, realizados e platônicos, políticos e apolíticos. O que dizer da história de Nabi, que começa despretensiosa e rouba a cena? Da diferença social dos meninos que são ao mesmo tempo só meninos dividindo uma camisa? Da história de uma irmã que deixa a outra para sobreviver? De pais que precisam dar os filhos para ter o que comer e não ver os outros congelarem no inverno? Vários temas são abordados assim com muito sentimento: refugiados, imigrantes, guerra, talibã, pobreza, e muito mais. Além de ser uma forma de olhar a cultura asiática com olhos bondosos diferentes dos midiáticos.
Também acredito que o livro traz muito do próprio autor, a vivência de quem volta as raízes, um dos temas do livro, e tenta assimilar todo aquele sofrimento causado pelas guerras internas e externas de um país que vive em conflito como o Afeganistão, mas com um olhar de quem não estava lá mas que ainda sim faz parte daquilo tudo.
O autor: Khaled Hosseini vendeu mais de 38 milhões de exemplares, com os seus três brilhantes e comoventes livro: O caçador de pipas e A cidade do sol e O silêncio das montanhas. Nascido em Cabul (capital do Afeganistão), filho de diplomata viveu em muitos países quando criança, e quando a família ia voltar à vida no Afeganistão, o país sofreu um golpe de Estado e ele foi mandado ao exílio nos Estados Unidos. Gostaria de saber o que ele pensa da guerra de Bush contra o Iraque…. Khaled foi nomeado Voluntário do Alto Comissariado de Refugiados das Nações Unidas, em 2006. E criou a Fundação Khaled Hosseini, uma instituição sem fins lucrativos que oferece assistência humanitária aos afegãos.
As sinopses estão no meu primeiro post aqui no blog, quando tinha acabado de ganhar esse livro, também estão dos outros livros dele só clicar aqui para ver.
“Encontrei uma fadinha triste
Na sombra de uma árvore de papel
Conheço uma fadinha triste
Que foi soprada pelo vento a noite.”
(Canção de ninar inventada pelo autor para o livro, foi inspirada por um poema do poeta persa Forough Farrokhzad, pena que ele não diz o nome do poema.)