Hoje, dia 20 de Novembro, é comemorado em lembrança a morte de Zumbi dos Palmares o Dia da Consciência Negra.
Continua sendo muito importante discutir a questão racial, não é só importante, é fundamental. O preconceito infelizmente ainda está aí.
Recentemente eu li dois livros, cujas resenhas estão aqui no blog, que trazem essa questão, ler um livro desses é uma boa ferramente para quem ainda sente algum preconceito aprender, para quem já sofreu se identificar e ver que tem todo o direito de expressar sua revolta e para quem quer entender mais sobre essa questão. Não deixe de ler!

Americanah de Chimamanda Ngozi Adichie. Sinopse: Lagos, anos 1990. Enquanto Ifemelu e Obinze vivem o idílio do primeiro amor, a Nigéria enfrenta tempos sombrios sob um governo militar. Em busca de alternativas às universidades nacionais, paralisadas por sucessivas greves, a jovem Ifemelu muda-se para os Estados Unidos. Ao mesmo tempo que se destaca no meio acadêmico, ela se depara pela primeira vez com a questão racial e com as agruras da vida de imigrante, mulher e negra. Quinze anos mais tarde, Ifemelu é uma blogueira aclamada nos Estados Unidos, mas o tempo e o sucesso não atenuaram o apego à sua terra natal, tampouco anularam sua ligação com Obinze. Quando ela volta para a Nigéria, terá de encontrar seu lugar num país muito diferente do que deixou e na vida de seu companheiro de adolescência. Chimamanda Ngozi Adichie parte de uma história de amor para debater questões prementes e universais como imigração, preconceito racial e desigualdade de gênero. Resenha
A invenção das Asas de Sue Monk Kidd. Sinopse: Em sua terceira obra, Sue Monk Kidd, cujo primeiro livro ficou por mais de cem semanas na lista de mais vendidos do New York Times, conta a história de duas mulheres do século XIX que enfrentam preconceitos da sociedade em busca da liberdade. Sue Monk Kidd apresenta uma obra-prima de esperança, ousadia e busca pela liberdade. Inspirado pela figura histórica de Sarah Grimke, o romance começa no 11º aniversário da menina, quando é presenteada com uma escrava: Hetty “Encrenca” Grimke, que tem apenas dez anos. Acompanhamos a jornada das duas ao longo dos 35 anos seguintes. Ambas desejam uma vida própria e juntas questionam as regras da sociedade em que vivem. Resenha
Outra dica é o poeta Solano Trindade, eu nunca ouvi falar sobre ele, até recentemente na faculdade. E venho aqui prestar a minha queixa aos livros paradidáticos quem nunca tocaram no nome dele. Nada contra os outros autores que são trabalhados quando estudamos escravidão, mas porque em vez de repetir e repetir os mesmos nomes não buscar outras vozes. Vozes que lutaram contra o preconceito e defenderam sua cor.
Solano Trindade nasceu no dia 24 de julho em 1908, em Recife, filho de sapateiro mulato e de doméstica cafuza. Mesmo pobre conseguiu se revelar um ícone da cultura brasileira. Foi cineasta, pintor, ator de cinema, homem de teatro, militante e, sobretudo, poeta. Morreu no Rio, em 1974. As poesias de Solano estão repletas de referências aos ritmos, costumes, religiões africanas, além de mitos e lendas do povo negro. Em Pernambuco, criou a Frente Negra Pernambucana e o Centro de Cultura Afro-Brasileiro. No Rio Grande do Sul, o Grupo de Arte Popular. No Rio de Janeiro, o Comitê Democrático Afro-Brasileiro, o I Congresso Afro-Brasileiro, o Teatro Experimental do Negro, Teatro Folclórico Brasileiro, o Teatro Popular Brasileiro e o grupo de dança Brasiliana.
Conversa
– Eita negro!
quem foi que disse
que a gente não é gente?
quem foi esse demente,
se tem olhos não vê…
– Que foi que fizeste mano
pra tanto falar assim?
– Plantei os canaviais do nordeste
– E tu, mano, o que fizeste?
Eu plantei algodão
nos campos do sul
pros homens de sangue azul
que pagavam o meu trabalho
com surra de cipó-pau.
– Basta, mano,
pra eu não chorar,
E tu, Ana,
Conta-me tua vida,
Na senzala, no terreiro
– Eu…
cantei embolada,
pra sinhá dormir,
fiz tranças nela,
pra sinhá sair,
tomando cachaça,
servi de amor,
dancei no terreiro,
pra sinhozinho,
apanhei surras grandes,
sem mal eu fazer.
Eita! quanta coisa
tu tens pra contar…
não conta mais nada,
pra eu não chorar –
E tu, Manoel,
que andaste a fazer
– Eu sempre fui malandro
Ó tia Maria,
gostava de terreiro,
como ninguém,
subi para o morro,
fiz sambas bonitos,
conquistei as mulatas
bonitas de lá…
Eita negro!
– Quem foi que disse
que a gente não é gente?
Quem foi esse demente,
se tem olhos não vê.
Solano Trindade
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