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{eu li} As luzes de setembro – Carlos Ruiz Zafón

AS_LUZES_DE_SETEMBRO_1378158664BSinopse: Durante o verão de 1937, Simone Sauvelle fica de repente viúva e abandona Paris junto com os filhos, Irene e Dorian. Eles se mudam para uma cidadezinha no litoral da Normandia, e Simone começa a trabalhar como governanta para Lazarus Jann, um fabricante de brinquedos que mora na mansão Cravenmoore com a esposa doente.

Encerrando a temporada de resenhas sobre os livros juvenis do Zafón aqui do blog, trouxe a resenha do As luzes de setembro, como já alertei a trama desse é bem parecida com a de O Príncipe da Névoa, mas achei essa história bem melhor. Temos novamente uma família que foge da guerra para um refúgio perto do mar, paradisíaco e cheio de mistérios. Depois da morte do pai da família, as mulheres da casa tomam as rédias da situação junto com Dorian o caçula. Depois de muitos infortúnios a situação parece melhorar com a nova casa, emprego e amigos. Mas que segredos um homem solitário pode esconder na névoa?

Esse livro traz um personagem interessantíssimo, um criador de brinquedos de vários tipos e tamanhos, que teve uma infância difícil e que logo fica claro que esconde algum segredo. Zafón nos faz viajar nas descrições da casa e de seus truques encantadores ou assustadores dependendo da hora. Nessa história os traumas do passado e a melancolia de quem perde aquilo que ama pelos próprios erros está de volta de uma forma mais dura.

Misturando situações inacreditáveis e perigo, com o primeiro amor e a amizade, Zafón traça as linhas de um romance arrepiante. Em que quando você pensa que já sabe tudo, é surpreendido novamente. Esse é o livro que fecha a Trilogia da Névoa – a reunião de três livros juvenis de Zafón, que conta também com O Príncipe da Névoa e O Palácio da Meia Noite (resenhados anteriormente). Embora seja uma trilogia, as histórias não dependem uma da outra, mas tem o mesmo toque. Não recomendo fazer como eu e ler um livro dese atrás do outro, a semelhança pode incomodar os mais velhos, mas o livro traz uma boa história. Dessas que você poderia saber de cor para contar para alguém. Indicado para todas as idades apesar do título juvenil.

Veja as resenhas dos outros livros do autor.

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{news} Eu li notícias literárias da semana

Mia Couto é primeiro autor de língua portuguesa na final do Man Booker International Prize

Argentino César Aira também concorre a um dos maiores prêmios literários do mundo. Fonte: O Globo. Continue lendo

Morre o poeta sueco Tomas Tranströmer, ganhador do Nobel de Literatura, aos 83 anos

Autor recebeu prêmio em 2011 por obra que, ‘através de imagens condensadas e translúcidas, oferece acesso renovado à realidade’. Fonte: O Globo. Continue lendo

Evaldo Cabral de Mello na Academia

Historiador pernambucano toma posse nesta sexta-feira da cadeira que foi de João Ubaldo. Fonte: O Globo. Continue lendo

Livros de colorir para adultos: A nova onda para antiestresse dos crescidinhos

O livro é o Secret Garden: An Inky Treasure Hunt and Colouring Book de Johanna Bastford que chegou no Brasil com o título “Jardim Secreto: Livro de Colorir e Caça ao Tesouro Antiestresse“, conta com várias páginas de desenhos incríveis que não somente podem ser coloridos, mas propõem um “desafio”: encontrar todos os tipos de criaturas e curiosidades que estão escondidos no livro e devem procurados. Besouros, pássaros, borboletas e até um tubarão estão escondidinhos em folhas com desenhos absurdamente lindos. E além de colorir você pode completar algumas páginas. Fonte: Closet Online. Continue lendo

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{eu li} O Palácio da Meia Noite – Carlos Ruiz Zafón

O_PALACIO_DA_MEIANOITE_1367963947BSinopse: O Palácio da Meia-noite – Ben e Sheere são irmãos gêmeos cujos caminhos se separaram logo após o nascimento: ele passou a infância num orfanato, enquanto ela seguiu uma vida errante junto à avó, Aryami Bosé. Os dois se reencontram quando estão prestes a completar 16 anos. Junto com o grupo Chowbar Society, formado por Ben e outros seis órfãos e que se reúnem no Palácio da Meia-Noite, Ben e Sheere embarcam numa arriscada investigação para solucionar o mistério de sua trágica história. Uma idosa lhes fala do passado: um terrível acidente numa estação ferroviária, um pássaro de fogo e a maldição que ameaça destruí-los. Os meninos acabam chegando até as ruínas da velha estação ferroviária de Jheeters Gate, onde enfrentam o temível pássaro. Cada um deles será marcado pela maior aventura de sua vida.

Esse foi o segundo livro publicado pelo Zafón (1994) da Trilogia da Névoa (as histórias não dependem uma da outra, veja a resenha do primeiro livro aqui). O mote dessa história é um grupo de amigos levado a enfrentar muito cedo as dificuldades da vida e um tenebroso mistério, como geralmente são os do autor. Gostei bem mais desse livro do que do Príncipe da Névoa, dessa vez temos um mistério familiar por trás da história. Temos também alguns questionamentos sobre a sanidade e a loucura.

O livro todo é bem aventureiro: temos órfãos prestes a conhecer o mundo e deixar de lado as brincadeiras da infância e o conforto dos melhores amigos. Nos livros de Zafón a verdade sempre vem a tona, e quando parece que a narrativa vai caminhar para um final previsível temos uma virada nos fatos, coisas que estavam ali e que o leitor deixou passar. Temos um narrador personagem dessa vez, um dos membros da Chowbar Society, que teve um futuro considerado próspero resolve contar de um jeito bem saudoso a história dos amigos. Os integrantes do grupo são todos inteligentes, cada um a sua maneira e se preocupam e cuidam mesmo um dos outros. O mais legal no livro, além do mistério que envolve o passado de Ben e Sheere e que é bem interessante, é a amizade do grupo, a força dos sacrifícios (muito presente nos livros do autor) e uma história em que tudo é possível. Em que espíritos permanecem nas ruas de Calcutá (em 1916), e vários mistérios se escondem em uma cidade considerada maldita por muitos.

Ouvimos o relato de Aryami em silêncio e nenhum de nós ousou formular uma única pergunta, embora centenas delas borbulhassem em nossas mentes. Sabíamos que, afinal, todas as linhas de nosso destino confluíam para um único lugar, um encontro que esperava por nós inevitavelmente ao cair da noite nas trevas de Jheeter’s Gate.

Também está presente uma forma muita característica de narrar do autor usando muitas metáforas e jogos de palavra. E situações que beiram o irrealismo e que não precisam ser totalmente explicadas, você crê nelas conforme os personagens vão vivenciando, depende do quanto você se envolve na história. Alguns personagens com o passar do tempo podem até duvidar de que o que aconteceu com eles foi real. Há uma grande evolução do primeiro para o segundo livro da Trilogia da Névoa. Nesse livro ele desenvolveu surpreendentemente mais um número maior de personagens mesmo em poucas páginas. Fica a dúvida se os personagens secundários ão mesmo secundários. Até o final a participação de todos é relevante e ficamos mesmo preocupados com cada um.

Apoiou a testa no vidro da janela e através de seu próprio hálito adivinhou a silhueta de uma figura esbelta e imóvel que olhava diretamente para ele. Assustado, deu um passo atrás e, diante de seus olhos, o vidro da janela se estilhaçou lentamente a partir de uma rachadura que nasceu no centro da lâmina transparente e se estendeu como uma hera, uma teia de aranha de fissuras tecida por centenas de garras invisíveis. Sentiu os cabelos da nuca arrepiarem e sua respiração acelerou.

Veja as resenhas da trilogia do Cemitério dos Livros Esquecidos, publicada posteriormente, de grande sucesso. Se você gostou dessa vai amar a outra que é muito ais bem elaborada.

História

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Calcutá, 1945

As marcas históricas são sutis nesse livro e nos outros da névoa, mas situar um livro no começo do século XX, sempre trás questões como a guerra, e, nesse caso, as consequências do domínio imperialista britânico sobre a Índia. Só em 1947, depois das ações de Gandhi, que os britânicos “devolveram” a administração das regiões da Índia que governava, e reconheceu tanto a Índia como o Paquistão.

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{news} Eu li notícias literárias da semana

Salão do livro de Paris faz homenagem ao Brasil

O início das atividades sobre a literatura brasileira ocorreu em Paris na sede da Unesco , na capital , onde a exposição Machado de Assis – Le Sorcier do Rio de Janeiro mostra ao púbico francês o universo do “maior escritor brasileiro”. Fonte: Estadão. Continue lendo

Cidades de Papel ganha primeiro trailer: “Todo mundo tem seu milagre”

Filme é baseado no romance homônimo de John Green, autor de A Culpa é das Estrelas. Longa é estrelado por Cara Delevingne e Nat Wolff. Fonte: Adoro Cinema. Continue lendo

Arthur Conan Doyle foi vítima de uma conspiração policial

Provas de que a polícia de Staffordshire fabricou cartas para o autor de ‘Sherlock Holmes’ foram descobertas em leilão. Fonte: O Globo. Continue lendo

Stephen King vai dar dicas de escrita em novo livro de contos
‘The bazaar of bad dreams’ será lançado em novembro nos Estados Unidos e na Europa. Fonte: O Globo. Continue lendo

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{eu vi} Série The Casual Vacancy (Morte Súbita)

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The Casual Vacancy

Na semana passada terminei de assistir a série The Casual Vacancy (3 episódios), produzida pela BBC, baseada no livro da J.K. Rowling, no Brasil publicado como Morte Súbita. (Veja mais sobre o livro aqui). A história começa com a morte de Barry FairBrother inesperadamente aos quarenta e poucos anos, morte que faz tristeza de uns e alegrias de outros. Barry fazia parte do conselho da paróquia que decide algumas situações importantes do vilarejo de Pagford e era a pedra no sapatos de alguns moradores (o lado rico). O personagem humanista sai de cena deixando uma vaga no conselho e então a briga começa.

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Barry FairBrother (Rory Kinnear)

“A aparência idílica do vilarejo, com uma praça de paralelepípedos e uma antiga abadia, esconde uma guerra. Ricos em guerra com os pobres, adolescentes em guerra com seus pais, esposas em guerra com os maridos, professores em guerra com os alunos… Pagford não é o que parece ser à primeira vista. A vaga deixada por Barry no conselho da paróquia logo se torna o catalisador para a maior guerra já vivida pelo vilarejo”. Além de segredos revelados característicos de cidades pequenas onde todos acham que se conhecem bem, temos uma boa análise social de como as pessoas viram as costas pros mais necessitados e como o sistema não funciona.

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Nesse quesito o livro é um grande soco no estômago, já na série isso ficou bem mais atenuado por uma mudança no final e por serem apenas 3 episódios. No último a história foi um pouco espremida para caber. Assim, não foram explorados alguns dramas, como a violência doméstica que ficou na base da sugestão. Poucos personagens foram deixados de fora, mas alguns não tiveram seu potencial revelado na trama. Mas, a série ficou boa também, só perde em comparação com o livro.

A parte visual da série é incrível, tanto a caracterização dos personagens como a edição e a fotografia. Conseguiram deixar o vilarejo com um retrato bem pacífico em contraste com seus personagens. Muito diferente de Fields, o vilarejo que era o campo, mas que se tornou uma pequena “favela” e onde estão os personagens necessitados, que vão a Pagford par receber tratamentos ou deixar o filho na creche, serviços que funcionam em um lar, que os ricos da cidade personificados no casal Mollison querem transformar em um spa.

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Krystal (Abigail Lawrie)

As atuações são muito boas, grande destaque para Abigail Lawrie, que faz a Krystal, filha de uma dependente química que ao mesmo tempo é carinhosa com o irmão e dura com os outros para se proteger. Berry é interpretado por Rory Kinnear e odioso Howard Mollison pelo incrível Michael Gambon (nosso eterno DUmbledore). Os outros personagens também são bem fiéis aos do livro.

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Howard Mollison (Michael Gambon)

Dessa forma, gostei de quase tudo na série, apesar de achar que pra quem não conhece a história do livro o primeiro episódio talvez não seja tão atrativo. Mas a história é um soco no estômago e faz refletir, vale a pena conhecer e acompanhar, mesmo que nessa versão em que suavizaram muito, principalmente o final que no livro é um atropelamento em quem está lendo. Gostaria de saber porque escolheram a mudança, talvez para não deixar o final muito sombrio. Mas podiam ter apelado para a comoção que isso gera nos personagens no livro e não simplesmente tirar fora. E também terem apostado em mais episódios.

Veja mais sobre os livros que J.K. publicou com o pseudônimo Robert Galbraith: O Chamado do Cuco e O Bicho da Seda.