Esse é o último post do ano e também o que termino de falar sobre a trilogia “As Memórias de Cleópatra” da Margaret Goerge com o último livro O beijo da serpente.
Eu gostei muito da sensibilidade com que a autora tratou a história dessa personagem tão mítica e forte. Ao longo dos três livros, que são pergaminhos escritos pela própria Cleópatra podemos conhecer esse romance biográfico. Vi as várias faces da Rainha do Nilo: a política, a mãe, a amante, a inimiga… Veja a resenha do livro 1 e do livro 2. Acho que a autora poderia ter sido mais sucinta em alguns momentos em que a narrativa ficou um pouco cansativa, principalmente, nesse terceiro em que acompanhamos muitas derrotas de Antônio e Cleópatra.
Nessa parte da história Antônio consegue como apoio do Egito vencer a Armênia, mas é uma vitória pequena. E mesmo assim, ele vai nomear seus filhos com Cleópatra futuros reis e rainhas de territórios que teoricamente são romanos. E também vai apoiar a causa de Cesarion (filho de Cleópatra e Júlio César) como verdadeiro herdeiro de César. Com isso o enfrentamento com Otávio se torna pouco a pouco inevitável.
Otávio espalha muitos boatos sobre Antônio e Cleópatra e durante boa parte do livro são trassados planos para enfrentá-lo, mas esses planos fracassam coma ajuda de várias traições por parte de aliados orientais e romanos. Durante a guerra muitos romanos vão querer que Antônio mande Cleópatra para casa, mas ele não ousa, e a rainha sabe muito bem afirmar sua posição de quem está financiando essa guerra. E isso vai gerar muitos conflitos.
A parte mais interessante do livro é quando Cleópatra já derrotada começa a trassar os planos de sua famosa morte com as serpentes. Não vou entrar em detalhes porque mesmo a história sendo conhecida o livro trás várias surpresas. Mas gostei de ler como ela organizou e teve forças para se despedir dos filhos e tentar fazer de tudo para garantir o Egito e a sobrevivência dos amigos e família.
Assim, encerro este escrito e confio a Olímpio. Que minha história possa ser preservada, e que a verdadeira sobreviva. O mundo é um lugar difícil de deixar. Fiz o melhor possível por ele, servi-o e amei-o com todo o meu ser. Ísis sua filha está chegando.Por favor,abra seu manto e a receba. Ela fez uma longa viagem para alcança-la.
Apesar dos momentos cansativos, valeu a pena conhecer essa história. Como a autora explica no final,a história oficial (a mais relatada) é a que pende mais para a conquista de Otávio (benefício de quem vence). A autora também conta quais foram suas fontes e o que é verdade e ficção nesse romance. Para quem gosta de romances históricos o livro é muito recomendado.
Antes da batalha final desse livro, amos os lados tinham seus escribas aliados. Depois da vitória de Otávio, os de Antônio e Cleópatra foram silenciados. Entretanto, por meio de fontes indiretas sobrevive uma qualidade de material suficiente para que a versão de Cleópatra histórica possa ser montada. E, ao contar, a história de Otávio, três antigos historiadores que escreveram entre 150 e 250 anos depois dos fatos _ Suetônio,Plutarco e Dio Cássio _ preservaram, sem querer, muito da versão do outro lado também. O trabalho de Plutarco é especialmente útil, por se utilizar das memórias do médico de Cleópatra, Olímpio, para reconstituir a história dos seus últimos dias e sua morte. A esta altura o relato de Plutarco deixa de ser hostil e passa a mostrar mais simpatia em relação a Cleópatra, uma mudança abrupta que é mantida em Shakespeare.
É claro que uma versão escrita por homens romanos ao lado de Otávio não poderia ser favorável a Cleópatra. Principalmente considerando relatar o poder político e a inteligência de uma mulher, que conquistou dois romanos e que foi considerada ameaça.
E é com essa história fantástica que eu me despeço de 2015, que 2016 traga mais histórias ótimas! Feliz Ano Novo para vocês! Tudo de bom e muitos livros ótimos! Obrigada por acompanhar o blog.