Oi pessoal! Nesse post encerro o projeto do box Sherlock Holmes com a obra completa escrita pelo Arhur Conan Doyle. Confesso que já sinto falta dos personagens e que coloquei na minha listinha obras de outros autores envolvendo Sherlock e Watson. Então em breve eles devem reaparecer aqui, claro que um pouco diferentes.
Como comentei no post anterior, Doyle ensaiou essa despedida algumas vezes. Embora diga que nunca se arrependeu de tê-lo ressuscitado e que sem Holmes talvez ele nunca tivesse escrito outras coisas, mas talvez ele tenha impedido o reconhecimento de seu trabalho “mais sério”. E nesse livro, Histórias de Sherlock Holmes, ele foi definitivo. No prefácio, tomou o lugar de Watson e explicou que Sherlock precisava partir.
Isto tem de acabar, e ele precisa seguir o caminho de todo ser humano. Gostamos de pensar que existe um limbo fantástico para os filhos da imaginação(…). A fria realidade é que Holmes fez o seu debut em Um estudo em vermelho e O sinal dos quatro, dois livros pequenos que apareceram entre 1887 e 1889. Foi em 1891 que “Um escândalo na Boêmia”, o primeiro da longa série de contos, apareceu na The Strand Magazine. O público pareceu gostar e querer mais, de modo que, a partir dessa data, 39 anos atrás, elas têm sido produzidas a intervalos irregulares e que totalizam 56 histórias, republicadas em As aventuras, Memórias, A volta e Os últimos casos, ainda restam doze, publicadas durante os últimos anos e que são editadas aqui (…). Ele começou suas aventuras bem no meio da era vitoriana, continuou durante o curto reinado de Edward e conseguiu conservar seu lugar meso durante esta época febril. (…) Portanto, leitor, dê adeus a Sherlock Holmes! Agradeço a sua fidelidade e espero que tenha tido alguma recompensa, na forma de distração das preocupações da vida e uma estimulante mudança de pensamento, que só podem ser encontradas no reino encantado do romance.
Imagino a tristeza dos fãs na época que cresceram com essas histórias. Mas enfim nada pode durar para sempre e gostei muito desses contos de despedida. O primeiro traz mais um vilão, o barão Gruner, que desafia abertamente Sherlock que por sua vez também não teme usar de todos os métodos para por as mãos nele. E ficamos conhecendo mais um aliado infiltrado no crime de Holmes, Shinwell Johnson, que já cumpriu pena duas vezes mas que mudou para o lado da lei. E vemos também a plena consciência de Watson que Holmes não revela seus segredos totalmente a ninguém.
Ele levou ao extremo o axioma de que o único planejador seguro é o que planeja sozinho, Eu estava mais próximo dele do que qualquer outra pessoa, e mesmo assim estava consciente da distância entre nós.
E também há nesse livro o primeiro conto narrado pelo próprio Shelock em “A aventura do soldado descorado”:
As ideias de meu amigo Watson, embora limitadas, são extremamente obstinadas. Durante muito tempo ele me atormentou para que eu mesmo escrevesse uma aventura que eu tivesse vivido. Talves eu tenha provocado essa insistência dele, já que muitas vezes lhe disse que suas narrativas são superficiais e o acusei de querer agradas ao gosto popular em vez de limitar-se rigidamente a fatos e números _ “Tente você mesmo, Holmes!”, ele revidou _ e sou obrigado a admitir que, de pena na mão, começo a perceber que o assunto deve ser apresentado de modo que possa interessar ao leitor.
Fiquei imaginando o Watson falando “Ahá!” ao ler isso, se bem que ele é tão bonzinho. O conto em si é interessante, mas não um dos melhores. O que segue este no livro é “A aventura da pedra mazarin” que não identifica o narrador. O conto começa com Holmes esperando uma tentativa de assassinato e já no meio de um caso, tentando fazer confessar seus suspeitos. A estrutura diferente é bem legal. Outra história que se destaca é “A aventura do vampiro de Sussex”, com grande desgosto no começo Holmes aceita o cliente, mas logo o caso toma outras proporções e ele fica interessado. Outro conto que ele narra é o “A aventura da juba de leão”, esse eu já gostei muito, solução inesperada e plausível.
Minha mente é como um depósito cheio, com pacotes de todo tipo armazenados em tal quantidade que só consigo ter uma vaga ideia do que está lá dentro.
Um conto que traz um momento fofo da amizade de Sherlock e Watson é “As aventuras dos três Garridebs”, a engenhosidade do plano do bandido da toda a graça ao conto mas o momento raro de demonstração de afeição do detetive rouba a cena. Há um momento em que Holmes se desespera ao ver o amigo ferido.
_Você não está ferido, Watson? Por Deus diga que não está ferido.
Valia um ferimento _valia muitos ferimentos _ Conhecer a dimensão da lealdade e do amor que estavam por trás daquela máscara fria. Os olhos claros e duros ficaram sombrios por um instante, e os lábios frios tremiam. Durante um minuto, o único, vislumbrei um grande coração., bem como uma grande inteligência. Todos os meus anos de serviço culminaram naquele omento de revelação.
Acredito que todo mundo que acompanha essa cena também esperava por isso Watson, e foi perfeito para o clima de despedida. Ser amigo do Sherlock não é nada fácil, ele é impossível de lidar às vezes e entendo a emoção de Watson. Alguns acham que esse momento escancarou outro tipo de relação, para mim é o exemplo de uma amizade.
Não poderia encerrar esse post sem mencionar que uma brasileira aparece no conto “O problema da ponte Thor”. A pena é dizer que totalmente estereotipada no sentido de que as pessoas dos trópicos são mais emocionais e movidas pela paixão. Há e também não li a expressão “elementar, meu caro Watson” em nenhum momento no livro. E nem poderia porque ela foi criada depois em uma adaptação. No livro Sherlock usa as expressões “elementar” e”meu caro”, mas de forma separada. Isso mostra como o personagem cresceu para além dos livros. Assim, encerramos as leituras de Sherlock Holmes, espero que vocês tenham gostado dos posts. beijos
Amanhã começa o #SETEMBROPOLICIAL ! Aguarde!