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{euLi} A livraria 24 horas do Mr. Penumbra – Robin Sloan

a_livraria_24_horas_do_mr_penumbra_1363383810bSinopse: A recessão econômica obriga Clay Jannon, um web-designer desempregado, a aceitar trabalho em uma livraria 24 horas. A livraria do Mr. Penumbra — um homenzinho estranho com cara de gnomo. Tão singular quanto seu proprietário é a livraria onde só um pequeno grupo de clientes aparece. E sempre que aparece é para se enfurnar, junto do proprietário, nos cantos mais obscuros da loja, e apreciar um misterioso conjunto de livros a que Clay Jannon foi proibido de ler. Mas Jannon é curioso…

Comentários sobre o livro em vídeo no final do post ou clicando aqui.

Oi pessoal, acho que quase todo leitor se vê curioso com livrarias e bibliotecas misteriosas e personagens que cultuam os livros, foi isso o que mais me deixou com vontade de ler essa história. Votei nele para a leitura em grupo do #NomeProvisório, o debate está rolando inclusive (clique aqui), mas diferentemente do primeiro que lemos (O bebê de Rosemary) esse não agradou muito. O livro tem uma trama meio enrolada e cheia de becos sem saída que acabam frustrando o leitor, o ritmo é lento e as respostas para os mistérios sem graça.

Comecei a ler o livro curtindo um pouco, o personagem principal fica desempregado e não sabe muito bem o que fazer (me identifiquei), a ambientação da história é bem real e mostra a situação de muitos jovens adultos. A apresentação da livraria desperta curiosidade, prateleiras enormes com livros escritos em códigos e todo um mistério envolvido. Até aí tudo ok. Clay foi proibido de ler os livros pelo Mr. Penumbra, mas acaba xeretando influenciado por um amigo e isso o leva a querer saber quem são as pessoas que vem buscar esses livros esquisitos. Mas depois disso toda vez que se descobre uma ponta do mistério não me senti cativada pela trama.

Lá dentro: imagina aforma e o volume de uma livraria normal virada de lado. O lugar era absurdamente estreito e vertiginosamente alto, e as estantes iam até o teto, três andares de livros, talvez mais. Estiquei o pescoço para trás (…) e as prateleiras desapareciam suavemente nas sombrar, de um modo que sugeria que elas pudessem continuar para sempre.

Eu não vou revelar detalhes, mas essas pessoas fazem parte de um grupo que tenta decifrar um grande código escondido em um certo livro. Clay fica amigo/namorado de uma jovem que trabalha no Google e acaba envolvendo ela e seu trabalho na tentativa de decifrar tudo isso. Ele também conta com a ajuda de seu amigo de escola que hoje é rico e de outro amigo artista plástico que trabalha como cenógrafo. A amizade deles até que é legal, mas não gosto como Clay fica recorrendo ao dinheiro do amigo. Também não sei se gostei do papel do Google, mas fica claro que o autor quis mostrar que a sabedoria ainda não está toda na internet. E ao mesmo tempo mostrar como os livros e os super computadores podem trabalhar juntos. As curiosidades sobre essa grande empresa que nos cerca por todos os lados são interessantes. Mas como disse a forma como os segredos foram revelados e os próprios segredos do livro não me atraíram e nem fascinaram.

O grande ponto do autor para mim foi na elaboração de finais para os vários personagens, achei os finais bem criativos, embora tenham sido escritos de forma bem curta. Também gostei muito do “dono” da livraria Ajax Penumbra, no começo ele parece um daqueles velhinhos clássicos de histórias de aventura que são super sábios, mas aos poucos o personagem vai sendo desmitificado e entendemos melhor seus sonhos e medos.

Enfim, não é um livro que eu recomendaria. E vocês? Já leram? Pretendem ler?

 

{news} Eu li notícias literárias da semana

Marcelo Rubens Paiva vence categoria de votação popular do Prêmio Jabuti
‘Ainda Estou Aqui’, do colunista do ‘Estado’, foi escolhido pelos internautas na categoria romance; essa foi a primeira vez que o prêmio abriu para voto popular. Fonte: Estadão. Continue lendo

APCA de Literatura divulga os livros finalistas de 2016
Entre os indicados estão o poeta Armando Freitas Filho, Marcia Tiburi, Elvira Vigna, Michel Laub, a autobiografia de Rita Lee e as memórias do escultor pernambucano Francisco Brennand entre outros. Fonte: Estadão. Continue lendo

J.K. Rowling envia todos os livros de ‘Harry Potter’ para menina síria de 7 anos“Gostaríamos de lê-los, mas como poderíamos consegui-los?”, perguntou a mãe para a autora pelo Twitter. Fonte: Estadão. Continue lendo

‘A resistência’, de Julián Fuks, ganha Livro do Ano de ficção no Jabuti
Dois títulos dividem prêmio de Livro do Ano de não ficção. Fonte: O Globo. Continue lendo

Saiba mais sobre o Salão Carioca do livro no Ponto Para ler.

Estas meias-calças são perfeitas para quem ama livros
Depois das bolsas em formato de livros famosos, uma outra loja do Etsy está fazendo moda para quem ama ler. A ThighsShop vende meias-calças com passagens literárias. Tem Alice no País das Maravilhas, Edgar Allan Poe, Peter Pan, Harry Potter e até Game of Thrones. Fonte: Catraca Livre. Continue lendo

Animais Fantásticos e Onde Habitam: Editora Rocco confirma que lançará roteiro em português no Brasil
Animais Fantásticos e Onde Habitam é o primeiro filme do Mundo Bruxo criado por J.K. Rowling que não é baseado em uma obra publicada, e pelo contrário tem um roteiro original. O que significa que o filme faz o caminho inverso e teve o seu roteiro publicado em formato de livro. A boa notícia é que a Editora Rocco confirma que lançará a versão em português. Fonte: Adoro Cinema. Continue lendo

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{euLi} Mulheres de Cinzas – As areias do imperador Vol. 1 – Mia Couto

15151337_1254292054644779_1706587281_nSinopse: Primeiro livro da trilogia As areias do Imperador, Mulheres de cinzas é um romance histórico sobre a época em que o sul de Moçambique era governado por Ngungunyane, o último grande líder do Estado de Gaza. Em fins do século XIX, o sargento português Germano de Melo foi enviado ao vilarejo de Nkokolani para participar da batalha contra o imperador que ameaçava o domínio colonial. Lá, ele encontra Imani, uma garota local de quinze anos que lhe servirá de intérprete. Enquanto um dos irmãos da menina lutava pela coroa de Portugal, o outro se uniu aos guerreiros tribais. Aos poucos, Germano e Imani se envolvem, apesar de todas as diferenças entre seus mundos. Porém, num país assombrado pela guerra dos homens, a única saída para uma mulher é passar desapercebida, como se fosse feita de sombras ou de cinzas.

*Resenha no canal Eu li ou vou ler, se inscreva e acompanhe.

Diz a mãe: a vida faz-se como uma corda. É preciso trançá-la até não distinguirmos os fios dos dedos.

Que delícia é concluir um livro do Mia Couto e saber que já tenho uma continuação para ler e esse é um dos meus autores favoritos. O moçambicano que escreve de uma forma incrivelmente poética, e o livro é pulicado aqui exatamente como em Portugal. Uma leitura maravilhosa, quem não conhece precisa descobrir esse autor que fala da África de uma forma mágica. Seus romances nos fazem entender mais precisamente Moçambique, um país que também foi colonizado pelos portugueses e só ficou independente em 1975, podem ser feitos vários paralelos com o Brasil.

Essa trilogia vai contar a história do fim do Estado de Gaza, um império africano comandado por Ngungunyane que foi derrotado em 1895. Ele foi um grande símbolo da resistência contra os portugueses, mas como sempre tudo depende do ponto de vista e na guerra vemos vítimas de todos os lados. Mia Couto conta essa história, mas recriada ficcionalmente, ele ouviu muito entrevistados que contaram para ele histórias passadas oralmente sobre esse tempo.

A nossa terra porém era disputada por dois pretensos proprietários: os VaNguni e os portugueses. Era por isso que se odiavam tanto e estavam em guerra: por serem tão parecidos nas suas intenções.

Mas apesar do pano de fundo histórico, não espere desse livro uma recriação cronológica exata do que aconteceu que esse não é o objetivo do autor. A história mergulha no mundo de uma vila chamada Nkokolani, um local que teoricamente apoia os portugueses, mas que se vê arrasada no meio da disputa. O símbolo do lugar é Imani,  uma jovem que aprendeu português e os “modos” da sociedade, mas que carrega em si toda uma cultura que não consegue ser contida, também representa a posição da mulher na guerra e é uma das narradoras.

Não sei por que me demoro tanto nessas explicações. Porque não nasci para ser pessoa. Sou uma raça, sou uma tribo, um sexo, sou tudo que me impede de ser eu mesma. Sou negra, sou dos VonChopi, uma pequena tribo no litoral de Moçambique. A minha gente teve a ousadia de se opor à invasão dos VaNguni, esses guerreiros que vieram do sul e se instalaram como se fossem donos do universo. Diz-se em Nkokolani que o mundo é tão grande que nele não cabe dono nenhum.

O outro narrador é Germano que tem uma missão quase impossível, manter sozinho a resistência portuguesa no local. A verdade é que ele é mandado como punição para um lugar que não recebe quase apoio e aos poucos vai se misturando as pessoas mas continuando estrangeiro até de si mesmo (o personagem passa por uma grande descoberta pessoal). Acompanhamos Germano, como narrador, através das cartas que ele escreve para o Conselheiro José d’ Almeida e como não vemos as respostas de volta e nada é atendido como ele pede nas cartas é crescente a dúvida de se essas cartas realmente são enviadas ou se ele está escrevendo para si mesmo.Até porque as cartas vão ficando cada vez mais pessoais.

Na história acompanhamos o que acontece com Imani e sua família e como suas vidas são devastadas pela constante ameaça de invasão das tropas de Ngungunyane, o descaso de Portugal, o aculturamento, e a incapacidade de Germano de fazer algo de fato (além de sua aproximação com Imani). O sargento é um personagem que te surpreende, no começo a visão que tive dele foi de mais um opressor português, mas logo esse pré-julgamento cai por terra quando acompanhamos suas aflições e seu próprio abandono.

Ocorreu me pensar que o prisioneiro Vátua tinha razão: do ponto de vista dele e dos da sua nação, eles não estão a cometer nenhum crime. Pelo contrário, estão heroicamente a construir um império. Bem vistas as coisas, o que eles fazem não é muito diferente do que fazemos nós, com a devida distância e respeito.

Nada como o próprio autor falando de sua obra, eu li uma entrevista no site Revista Pazes e gostei muito de como ele explicou o livro:

É uma história sobre a vivência do tempo, o modo como diferentes gentes e culturas que partilharam um lugar se encontram e se desencontram no modo como narram e como lembram esse passado. Num primeiro instante, parece que a narrativa conta a história da derrocada de um império e de um imperador africano que dominou todo o Sul de Moçambique no século 19. Mas logo se percebe que não se trata de um romance histórico mas de um texto sobre a construção do medo e das falsas identidades que surjam como resposta de salvação perante esse medo. (Confira)

Tive a grande oportunidade de ouvir o autor falar um pouco sobre o livro e ler um trecho dele no lançamento aqui no Rio de Janeiro, ano passado, com a colaboração da atriz e escritora Fernanda Torres. Fiz alguns registros que estão no vídeo abaixo (relevem uns probleminhas técnicos):

Mia Couto pra mim é um poeta e me impacta ler o que ele escreve, o trecho que mais me vem a mente é o seguinte:

Sorte a dos que, deixando de ser humanos, se tornam feras. Infelizes os que matam a mando de outros e mais ainda os que matam sem ser a mando de ninguém. Desgraçados, enfim, os que, depois de matar, se olham no espelho e ainda acreditam serem pessoas.

Espero que gostem do livro, o segundo livro também já foi lançado e se chama Sombras da Água (desse ano, acredito que podemos esperar o terceiro para o ano que vem). beijos

Mais Mia Couto

{news} Eu li notícias literárias da semana

Lima Barreto será o autor homenageado na Flip em 2017
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Julián Fuks ganha o Jabuti de romance com ‘A resistência’
Vencedores da 58ª edição do prêmio foram divulgados na noite desta sexta-feira. Fonte: O Globo. Continue lendo

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Roberto Saviano, Jonathan Franzen ou Elizabeth Strout ajudam o realizador Giacomo Durzi a diagnosticar o que causa esta Ferrante Fever. Fonte: Público. Continue lendo

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Lançamentos globais têm informações sobre as novas características do mundo mágico apresentado no filme. Fonte: Estadão. Continue lendo

Lindo trailer da nova adaptação de Beauty and the Beast (A bela e a fera):

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{tag} Minha estante, meu mundo

Oi pessoal, hoje respondo a tag Minha estante, meu mundo ! A tag foi criada pelo canal Livrisa e eu vi no canal da Tati Feltrin.

Tópicos da TAG:

1) Um marcador que você gosta muito
2) Dois títulos que você acha incríveis
3) Duas folhas de guarda que você acha bonitas da sua estante
4) Três edições que te agradam (diagramação, tradução, tipo de página – conjunto completo do objeto-livro)
5) Um livro que você sempre indica
6) Dois livros que você indica para uma maratona literária
7) Três capas lindas da sua estante
8) Sugestão de um conto

Links relacionados
Mimos de leitores – facebook ou instagram
O inventário das coisas ausentes – Carola Saavedra Blog
Memórias de Cleópatra – Vol 1 – A filha de Ísis – Margaret George Blog/Canal 
Sangue no olho – Lina Meruane Blog/Canal 
O Corcunda de Notre Dame – Victor Hugo Blog/Canal 
Americanah – Chimamanda Adchie Blog
As peças infernais – Cassandra Clare Blog/Canal  
A senhora das águas – Philippa Gregory Blog
Ponto para ler – Contos – Paulo Souza Blog/Canal  

Marquei alguns blogs no vídeo, mas todos estão convidados a responder! Respondam também nos comentários para eu saber de vocês. Beijos