Primeiras impressões sobre As Alegrias da Maternidade
Nnu Ego, filha de um grande líder africano, é enviada como esposa para um homem na capital da Nigéria. Determinada a realizar o sonho de ser mãe e, assim, tornar-se uma “mulher completa”, submete-se a condições de vida precárias e enfrenta praticamente sozinha a tarefa de educar e sustentar os filhos. Entre a lavoura e a cidade, entre as tradições dos igbos e a influência dos colonizadores, ela luta pela integridade da família e pela manutenção dos valores de seu povo.
Estou amando a leitura, um livro de leitura fluida apesar da história triste. Nnu Ego já me fez querer saber tudo sobre ela e como achei interessante a história de seus pais. Um amor forte e ao mesmo tempo afetado pelas situações sociais.
Já percebi o questionamento na história sobre o papel da mulher na sociedade e como isso pode variar de acordo com as culturas. Na Nigéria Colonial esse papel era servir e reproduzir (ainda é um pouco) e a personagem nos revela isso com seu cotidiano e toda uma luta para ser mãe.
Sinopse: August Pullman, o Auggie, nasceu com uma síndrome genética cuja sequela é uma severa deformidade facial, que lhe impôs diversas cirurgias e complicações médicas. Por isso, ele nunca havia frequentado uma escola de verdade… até agora. Todo mundo sabe que e difícil ser um aluno novo, mais ainda quando se tem um rosto tão diferente. Prestes a começar o quinto ano em um colégio particular de Nova York, Auggie tem uma missão nada fácil pela frente: convencer os colegas de que, apesar da aparência incomum, ele e um menino igual a todos os outros.
Esse livro é uma graça, estava há um bom Tempo parado na minha prateleira, eu fiquei com vontade de ler quando todos estavam falando dele mas depois me deu alguma trava… O lançamento do filme está chegando então resolvi ler logo, já que é um tema que considero muito importante.
No começo achei a escrita um pouco ok só, mas quando entendi que a ideia era que uma criança comum estivesse te contando compreendi melhor a forma como a história estava sendo narrada. Me lembrou da forma como minha irmã me conta as coisas que acontecem em seu dia a dia. E é isso que temos, um menino contando a sua trajetória, intercalado com outros narradores que também colocam o seu ponto de vista. O que temos de especial é a história em si, porque ela vai mostrar como as diferenças podem ser respeitadas e os desafios para se chegar a isso.
Os pais do August gostariam de protege-lo do mundo, porque o mundo não está acostumado a deixar passar nada de diferente, ele não só nota, se espanta e analisa, como muitas vezes é cruel. E isso desde as crianças. Mas os pais sabem que Auggie precisa conviver com outros de sua idade, porque coisas maravilhosas podem vir disso também. Além disso, ele precisa ir para a escola para aprender mais do que a mãe pode ensinar em casa. Achei muito bacana como a autora colocou nas poucas palavras do menino o receio e dúvidas dos seus pais.
Ele vai para a escola e é recebido por um diretor bondoso (com nome ridiculamente desnecessário) e por algumas crianças para conhecer o lugar. Daí temos uma história que mostra o que esperamos, que algumas crianças vão ser más e outras amigas, e a maioria na verdade também precisa de tempo para entender que ele é muito mais do que a aparência. É bom que vemos como essas crianças não devem ser isoladas, que elas tem potencial de ensinar as outras a ter empatia com os problemas dos outros.
O bullying está presente mas o livro tem a mensagem positiva de que ele pode ser vencido, que muitas crianças precisam conviver com as diferenças para aprenderem a ser seres humanos melhores. Eu indico o livro para todas as idades; para os adultos porque a inclusão precisa ser refletida, e existem várias situações familiares que você pode se identificar, principalmente se você for pai/mãe ou conviver com crianças e adolescentes; e para as crianças para que elas aprendam a ser gentis e respeitar o outro. Acredito que o livro seja uma excelente ferramenta, porque você está pelo menos por um momento na cabeça de outra pessoa e isso faz com que você entenda.
A importância da família é um destaque importante e um ponto alto para mim no livro, por mais que o personagem tenha que enfrentar todas as barreiras fora de casa, ele sabe que pode contar com a sua família. E infelizmente nem todos os lares são assim, às vezes o preconceito está dentro de casa. Então se você tem um filho que foge do padrão que você acredita, aprenda a enxergar mais do que isso. Ler o livro pode ser uma boa ajuda.
Cinema
O filme estreia na semana que vem e as expectativas são altas por conta do trailer. No elenco teremos Julia Roberts como a mãe do August e Olwen Wilson como o pai, A interpretação de Auggie fica por conta de Jacob Trambley que fez o filme O quarto de Jack (que eu amei).
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Já leu o livro? Gostou? Você também pode gostar de: A coisa terrível que aconteceu com Barnaby Brocket do John Boyne (resenha).
Sinopse: A escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie vem conquistando um público cada vez maior, tanto no Brasil como fora dele. Agora é a vez de os leitores brasileiros conhecerem a face de contista dessa grande autora já consagrada pelas formas do romance e do ensaio. Publicado em inglês em 2009, No seu pescoço contém todos os elementos que fazem de Adichie uma das principais escritoras contemporâneas. Nos doze contos que compõem o volume, encontramos a sensibilidade da autora voltada para a temática da imigração, da desigualdade racial, dos conflitos religiosos e das relações familiares. Combinando técnicas da narrativa convencional com experimentalismo, como no conto que dá nome ao livro — escrito em segunda pessoa —, Adichie parte da perspectiva do indivíduo para atingir o universal que há em cada um de nós e, com isso, proporciona a seus leitores a experiência da empatia, bem escassa em nossos tempos.
Empatia é algo que bate muito forte em quem lê o livro, e não só isso, uma revolta, um entendimento de que as coisas precisam mudar no mundo. E que não dá para relativizar algumas questões por serem culturais, se a cultura não funciona para todos e é injusta ela pode ser mudada, como já li/ouvi da própria autora. Ela mostra faces da Nigéria, para muitos pela primeira vez. São 12 contos sensacionais, alguns merecem mais destaque, mas não há conto ruim.
O primeiro conto, A cela um, mostra uma família em que o filho acaba preso e vê os horrores numa delegacia e esse já nos deixa com um buraco no estômago e nos mostra o que vem por aí. E a sequência toda é de tirar o fôlego, em alguns reconhecemos temas já retratados pela autora em seus romances como nos contos Fantasmas e Uma experiência privada em que Biafra aparece. Em Meio Sol Amarelo conhecemos justamente esse momento da história da Nigéria em que a guerra civil aconteceu entre os igbos e os muçulmanos.
Jumping Monkey Hill e No seu pescoço são dois contos tão bons que você acha que vão ser os melhores do livro, e olha que eles estão bem na metade. O primeiro é sobre um workshop de escritores em que o preconceito impera, aquilo das imagens que se tem que ter sobre os africanos, que se quer ter, e difere da que eles mesmos tem. E o paralelo do que acontece com as mulheres, sobre o machismo que falam na nossa cara que não existe.
No seu pescoço mostra a dificuldade de quem chega nos Estados Unidos e tem que lidar com todas as expectativas e diferentes costumes, sempre com aquele discurso de que nos EUA as coisas são melhores. Muitas vezes o discurso é incorporado pelos próprios africanos que estão lá a mais tempo quando chega um novo, uma forma de defesa/aceitação, isso também aparece em outros contos, e que é um assombro para quem chega no país. E fora outros abusos sofridos pela protagonista relacionados ao machismo/preconceito também.
O choque entre as culturas dos personagens também é um tema recorrente, quem já foi tocado por outras culturas e até aculturado de certa forma tendo que lidar com os parentes que ainda são ligados as raízes. E que acabam se tornando inconvenientes em vários momentos, ou forçando a barra para que o outro se comporte da maneira X ainda.
O casamento arranjado é uma daquelas questões que não dá para concordar e relativizar, não dá certo e não é certo que aconteça ainda hoje. E nós compreendemos toda a dificuldade em alguns contos e como as mulheres sofrem e são subjugadas com isso. Embora nem todas as personagens femininas sejam realmente submissas e muitas vez procurem formas de fazer sua vontade prevalecer um pouco.
O último conto fecha o livro de forma necessária e mostra a busca das raízes e a necessidade de ligação e conexão que não pode ser tirada. Uma vó e uma neta emocionam no conto Uma historiadora obstinada.
Leiam o livro que está incrível!
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Sinopse: Escrito em 1985, o romance distópico O conto da aia, da canadense Margaret Atwood, tornou-se um dos livros mais comentados em todo o mundo nos últimos meses, voltando a ocupar posição de destaque nas listas do mais vendidos em diversos países. Além de ter inspirado a série homônima (The Handmaid’s Tale, no original) produzida pelo canal de streaming Hulu, o a ficção futurista de Atwood, ambientada num Estado teocrático e totalitário em que as mulheres são vítimas preferenciais de opressão, tornando-se propriedade do governo, e o fundamentalismo se fortalece como força política, ganhou status de oráculo dos EUA da era Trump.
Sabe aquele livro que você fica pensando, não pode virar realidade, não pode virar realidade, please… É esse. Porque a história é baseada em questões extremamente atuais então esse cenário futuro horroroso não seria nem um pouco impossível em qualquer lugar do mundo. E isso assusta.
Mulheres sem direitos e ainda tendo que escutar que isso foi o melhor para elas já que antes elas eram exploradas e que agora podem ter o seu objetivo real, ter filhos, em paz e que não vão mais ser violentadas por ninguém já que agora estão protegidas. É como se aqueles argumentos que culpabilizam as vítimas de estupro ganhassem status de verdade absoluta e a função da mulher regredisse. Triste.
Um governo teocrático, em que as outras religiões são caçadas, as mulheres férteis são separadas para serem aias e terem filhos para os poderosos (porque devido a poluição o número de crianças cai drasticamente). Em uma cerimônia para lá de louca, em que são obrigadas a se deixar violentar. Forçadas, separadas de suas famílias, tentam fazer quase que uma lavagem cerebral com elas e o medo incutido da morte ou de serem mandadas para um lugar horrível é tão forte que elas não podem confiar nem umas nas outras.
Andam sempre em pares mas não podem ser amigas, nem conversar muito e ainda usam uma viseira que tapa parcialmente a visão e elas só podem olhar para o chão. Só saem para fazer compras, as cerimonias oficiais, expurgos que presenciam, ou quando uma vai parir..essa é a vida de uma aia que acompanhamos em 1ª pessoa e que nos sensibiliza e desespera. Acompanhamos também lembranças de seu passado, sua família e o que aconteceu no mundo. Há uma curiosidade divida entre saber como as coisas ficaram dessa forma, os detalhes e o futuro do que vai acontecer com a nossa aia que acabou esbarrando com uma forma de resistência.
A adaptação criada pela Hulu é uma das melhores adaptações de todos os tempos. Impressionante como o roteiro é bom, tudo que foi adicionado na história foi para que essa crescesse. Tem mudanças, mas são mudanças para a melhor (pelo menos a maioria). Mostra que uma adaptação não precisa ser idêntica ao livro, já que não é nem possível, mas que pode respeitar o livro e seus personagens e entregar até mais. Como o livro é em primeira pessoa estamos de certa forma limitados ao que a personagem principal sabe e ela que foi logo presa não sabe o que aconteceu com vários outras, também não tem detalhes políticos muito profundos, e a série explora tudo de forma brilhante. Ainda contando mais sobre a vida dos outros personagens e alimentando nossa curiosidade. E vai ter continuação!