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{euLi} Quase Memória – Carlos Heitor Cony

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Sinopse: Quase memória explora o território situado entre a memória e a ficção a partir de um punhado de recordações do narrador-autor. Nelas, a figura de Ernesto Cony, seu pai, é o centro e a motivação para o exercício das lembranças que, constantemente, adquirem contornos do imaginário. Nostalgia, cumplicidade, vergonha, saudade: os mais diversos sentimentos despertados pelo recebimento de um misterioso pacote sem remetente. O livro recebeu importantes prêmios literários no Brasil e, mais do que isso, conquistou o coração de milhares de leitores desde seu lançamento.

Que delícia de leitura, fiquei pensativa, emotiva, e as histórias estão longes de ser piegas ou clichês… Me peguei pensando na minha família, nas minhas próprias memórias, no meu pai.

A tag como sempre me trazendo experiências novas, nunca tinha lido nada do Cony. Esse livro ele escreveu depois de um período de 20 anos sem lançar nada, é um livro aclamado que eu não conhecia. O autor, membro da Academia Brasileira de Letras, nasceu em 1926 e no livro retoma memórias da sua família, principalmente de seu pai Ernesto Cony. O livro mistura ficção com realidade, numa quase biografia. No começo o autor/narrador/personagem recebe um misterioso pacote de seu pai (já falecido há dez anos) o que o leva pelas lembranças.

Tem tantas histórias divertidas, Ernesto é uma figura. O jornalista fez de tudo para sustentar a família, até vender galinhas quando o jornal que trabalhava foi depredado na Revolução de 30. Adorava encantar o filho com os balões juninos, sempre o surpreendia com situações inusitadas, e contava seus próprios causos usando a imaginação.

O livro também mostra um jornalismo que não existe mais, muitas vezes amador, mas com mais individualidade… O próprio filho segue os passos do pai no jornalismo e acompanha essas mudanças de perto, a modernização, bem interessante.

Confira o vídeo que conto mais!

Saiba mais sobre o autor.

Discurso de posse do Cony na ABL

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Tag Experiências Literárias, saiba mais. 

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{euLi} As alegrias da maternidade – Buchi Emecheta

AS_ALEGRIAS_DA_MATERNIDADE_1507228861719353SK1507228861BSinopse: Nnu Ego, filha de um grande líder africano, é enviada como esposa para um homem na capital da Nigéria. Determinada a realizar o sonho de ser mãe e, assim, tornar-se uma “mulher completa”, submete-se a condições de vida precárias e enfrenta praticamente sozinha a tarefa de educar e sustentar os filhos. Entre a lavoura e a cidade, entre as tradições dos igbos e a influência dos colonizadores, ela luta pela integridade da família e pela manutenção dos valores de seu povo.

Amei demais essa leitura, me angustiei, torci, me apeguei…

O livro escrito pela autora nigeriana Buchi Emecheta, que infelizmente faleceu esse ano, foi indicado no kit da Tag do mês de outubro (saiba mais), pela também autora nigeriana, Chimamanda (uma das minhas favoritas). E eu já sabia que ia me apaixonar!

O livro traz uma história extremamente forte em que tradições completamente ultrapassadas definem que a mulher só é completa se conseguir engravidar e se der a luz a um filho homem. Adicionamos a isso a poligamia, independente se o marido pode ou não sustentar várias mulheres, o dote e a submissão da mulher. Como aprendi com a Chimamanda… não é porque é cultural que a situação é ok e pode ser relativizada. Desculpa, não dá, chega de machismos na cultura que for.

Buchi também nos mostra esse cenário em que tudo tende a dar errado e a causar sofrimento, as expectativas geradas em cima de algo fluído como a maternidade, em que não se há garantias levam a personagem muitas vezes ao desespero. Primeiro pela dificuldade de ter esses filhos, não consegue engravidar do primeiro marido, e depois quando é mãe no segundo casamento, muitas vezes tem que lidar com os filhos passando fome. O bonito é que a personagem é guerreira e vai fazer o possível e o impossível para dar um jeito nisso, mas é uma história dolorida.

Nós acompanhamos os altos e baixos da sua vida junto com a família que ela tenta  a todo custo manter unida, mesmo tendo se casado de forma arranjada com um marido muito a quem das suas expectativas. E que nem pena conseguimos sentir depois de um tempo na leitura, principalmente quando ele prefere torrar o dinheiro que ganha com bebidas, a agride e arruma outra esposa para Nno sustentar.

Junto a esse cenário Emecheta nos mostra os absurdos do colonialismo, numa época em que a Nigéria estava prestes a se tornar independente, o que só aconteceu na década de 60. “Os percalços vividos por Nnu Ego refletem uma cultura de violenta opressão patriarcal e colonial. Buchi Emecheta explicita em sua obra a prisão em que vive a mulher da Nigéria e sua clara posição de subordinação ao homem, tanto o nigeriano quanto o europeu, com relações de poder diferentes, mas sempre inferiorizada” (blog da tag).

quem-foi-buchi-emecheta “Existem milhões de mulheres africanas que nunca deixam suas casas, nunca deixam seus vilarejos; esposas em vilarejos continuam na escravidão. Quanto aos meus livros, eles podem ser positivos, ou podem ser negativos. Mas eu acredito que se você cria uma heroína, seja africana ou europeia, com educação – não necessariamente com dinheiro, mas educação – ela ganha a confiança para poder lidar com o mundo moderno”. (saiba mais sobre a autora)

Veja também:

15 livros de introdução à literatura africana

7 Coisas que você (provavelmente) não sabia sobre a escritora Chimamanda Adichie

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