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[BEDA] Blogagem Coletiva: Meu passado literário

bedaEsse BEDA já começa cheio de novidades! Como já falei por aqui tenho um grupo muito especial de amigos blogueiros, que na dificuldade de um nome melhor, intitulado Nome Provisório, a amizade entre nós só cresce e vai rendendo filhinhos: tem o Setembro Policial que nos uniu, o Grupo de Leitura #NomeProvisório que é aberto para quem quiser participar e agora uma Blogagem Coletiva. Sem falar que o BEDA rolando aqui também é influência deles. Preparamos para os domingos desse mês, posts que iremos fazer com a mesma temática. Vai ter lista, história, dicas de livros…Vai ser bacana! E para começar hoje cada um no seu blog, vai contar um pouco da sua história com os livros e assim vocês ficam conhecendo a gente um pouco mais.blogagem1

~ Meu passado literário ~

Minha memória não é das melhores, então não esperem que eu lembre qual foi o primeiro livro que eu li ou algo do tipo, porque não vai rolar. Mas livros marcam a nossa vida e alguns guardam histórias preciosas além das contidas nas páginas. Então vou deixar fluir algumas minhas.

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Eu e minha mãe na Bienal do Livro do RJ de 2006 ou 2007

Sou filha de uma professora de português, maravilhosa, então não me faltou estímulo em
casa, aqui sempre teve muitos livros. Queria conseguir lembrar melhor os livros da infância, lembro de um exemplar rabiscado de Alice no país das maravilhas e também da felicidade de comprar O menino maluquinho na minha primeira bienal lá na quarta-série.

17670936_1440287466045236_1003571983_n.jpgUm divisor de águas para mim e muitos da minha geração foi a saga bruxa mais famosa e amada de todos os tempos: Harry Potter. Eu li o primeiro exemplar que minha mãe tinha, pouco antes do primeiro filme ser lançado se me lembro bem, mas ela não tinha o segundo e os outros. Então fui lendo emprestado até o quinto volume, fiquei no pé de algumas pessoas para isso, o sexto e sétimo ganhei de presente do meu pai. Foram os primeiros livros que eu senti aquela necessidade louca de ter, aí já estava mordida de vez pela tracinha dos livros, mas ainda não era uma acumuladora. Só fui ter todos os livros de Harry Potter em 2015, e termine de reler ano passado, continuo achando incrível.

17619549_1440287359378580_1256700124_nAgatha Christie também foi uma autora importante, meu padrasto tem uma coleção na estante, já li todos os dele, e foi mais ou menos minha fase depois de Harry Potter, não sei ao certo o ano. Sigo admirando os romances policiais da autora, ano passado tive a oportunidade de ler uma biografia escrita por um excelente autor e também fã (Agatha Christie From My Heart de Tito Prates), a entrevista que fiz com ele foi muito bacana. Ainda nesse momento investigativo, mas passeando também pela história e arte, li todos os livros do Dan Brown. Aqui já tinha sido lançado o Anjos e Demônios porque comecei por ele, então isso já era 2004-2005, também eram da minha mãe.

Em 2008 eu tive meu momento Crepúsculo, podem me julgar, fui daquelas que leu o terceiro e o quarto no computador porque vazou antes na internet de tanta ansiedade. Nem tenho o último volume, só os 3 primeiros, depois de um tempo desanimei de comprar e hoje estou querendo passar os outros para frente. Não acho que a saga sobreviveria no meu gosto a uma releitura e nem tenho vontade de fazer isso. Hoje concordo com várias críticas, e sei que a escrita da Sthephenie Meyer não é lá essas coisas, mas foi um momento divertido e romântico. Eu só consegui definir bem o ano porque eu estava no meu último da escola, mudei de colégio, então fica fácil lembrar algumas leituras de 2008.

17742278_1443443689062947_1728149607_nNa verdade tenho uma história bem mais bonita desse ano relacionada aos livros. Como eu disse antes, eu fui concluir meu Ensino Médio em outra escola que minha mãe dava aula, achando que eu teria mais chances de passar no vestibular (estudei a vida toda como bolsista na primeira escola e depois fui ser bolsista em outra também). A decisão veio depois que as aulas já tinham começado, e antes da mudança, uma professora incrível de história que eu tinha na escola antiga estava lendo A menina que roubava livros e contando um pouco sobre o Holocausto ela comentou do livro. Eu fiquei com muita vontade de ler e pedi a ela emprestado, só que nesse meio tempo, mudei de escola, mas ela não esqueceu meu pedido. Um dia estava esperando o ônibus e ela passou por mim (a primeira escola era muito perto da minha casa) e disse algo do tipo: “a que bom te encontrar, ia deixar o livro com sua mãe na escola mas então toma aqui”, eu disse obrigada, peguei a sacola, o ônibus estava vindo, me despedi rápido e e subi no ônibus. Só fui ver depois que o livro estava embrulhado, o embrulho lindo dourado da livraria Gutemberg, e só assim percebi que era presente. Vocês imaginam a felicidade da pessoa né, e fiquei muito sem graça de nem ter agradecido direito na hora. Nesse ano também li O caçador de pipas do Khaled Hosseini, um dos meus autores favoritos da vida.

Em 2010 eu comecei a fazer uma lista dos livros que li, faço até hoje no mesmo arquivo, impressionante como sete anos se passaram rápido. O ano anterior foi de poucas leituras, minha cabeça estava no pré-vestibular, mas me arrisquei a ler os primeiros de O tempo e o vento do Veríssimo (preciso retomar um dia) e li O mundo de sofia de Jostein Gaarder por recomendação do professor de filosofia do pré-vestibular (esse livro tem a mesma idade que eu).  Mas 2010 foi um ano de mudanças, trabalhei ela primeira vez e tive aquele gostinho inesquecível de comprar livros com o próprio dinheiro. Me dei de presentes livros que estão nos meus favoritos até hoje: a saga Millenium de Stieg Larsson e A mulher do viajante do17618880_1440287406045242_592141593_n.jpg tempo de Audrey Niffenegger. Os livros do Larsson vieram por indicação de uma colega no pré, mas o da Audrey foi aquele tiro no escuro na livraria. Gosto tanto desse livro que traz uma história de amor tão linda, que fiquei muito chat com histórias de amor, o nível ficou alto para me agradar. Também li o meu primeiro romance histórico da Philippa Gregory <3. Nesse ano comecei na faculdade no meio do ano, e ainda assim li 12 romances, depois a meta foi sendo aumentar o número de leituras, conhecer novos autores. Foi o ano que foi o segundo divisor depois de HP, me tornei uma leitora mais autônoma.


17671166_1443447319062584_119164568_n2011
trouxe outros autores favoritos como: Jane Austen,17506111_1443443655729617_1916484927_n John Boyne, Mia Couto. Foi o ano que comecei a ler As crônicas de Gelo e Fogo do George R.R. Martin, ou seja, se fosse um por ano já teria acabado. (Bora Martin!) Em 2012 a listinha cresceu muito, 27 livros, e s grandes revelações acho que foram Jogos Vorazes e Jorge Amado. Os livros destaques de 2013 foram de autores já citados, eu queria mais desses queridos que eu tinha descoberto, mas descobri nomes clássicos também como Poe e Borges (e outros autores latino americanos importantes), 17741421_1443459745728008_1815478133_nmas também foi a vez de chorar com A culpa é das estrelas. E foi o ano que o blog surgiu! O blog foi e é importante, um estímulo a mais para manter as leituras em dia o fato de ter com que compartilhar. O número de leituras só vem17760289_1443459815728001_88988197_n crescendo e acredito que a qualidade do que busco ler hoje também, a meta é sempre ler mais e explorar melhor o mundo literário, seja com autores de países e culturas diferentes, ou  que ajudam a expandir a mente e nos libertar de preconceitos, ou ainda com aqueles clássicos que estão na dívida. Vou parar o flashback por aqui já que chegamos há um passado mais recente, quer saber quais foram as leituras de 2014, 2015, 2016 e as que já foram feitas esse ano? Só navegar aqui pelo blog ou pelo canal no youtube.

Outra coisa que os livros sempre me trouxeram de bom foram amigos, a maioria dos meus amigos mais próximos gostam de ler. É um assunto que une e que você pode conversar horas sobre.

Confiram os outros posts do Nome Provisório: Ponto para ler, Plataforma Três Quartos, Café com Luke, Amante dos Livros e Geraldas

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{eu li e vi} Vamos falar sobre Cinquenta Tons de Cinza

tumblr_n99tx8W05G1tf2uwwo1_400O livro e o filme estão mais do que falados então vou pular a parte da sinopse, e esse post vai ter spoilers para eu poder comentar algumas críticas em relação ao filme ser uma propaganda de opressão à mulher.

Eu comecei a ler o primeiro livro, Cinquenta tons de cinza, da E L James porque fico curiosa com alguns best-sellers, confesso, e também porque achei a história bem diferente. Lembrando que o livro veio antes do boom de livros com a mesma ideia que se seguem até agora (se tá dando dinheiro se publica e publica e publica). Mas voltando a história, fiquei com medo da mocinha que na trama é totalmente inexperiente se render totalmente aos caprichos do Mr. Grey e não ter vontade própria, mas não foi o que vi.

O livro tem seus defeitos, mas não acredito que seja uma propaganda anti feminista e que ensine que o prazer do homem é mais importante, como vem sendo levantado. Primeiro que é só um livro, uma obra, seus personagens não precisam agir como quem lê gostaria. Até gosto de discordar dos personagens. E o BDSM existe antes dele e pode ser sim o pano de fundo de uma história. Segundo que não se confunde com violência no livro e nem no filme. Violência seria se algo fosse feito contra a vontade da personagem, ou se ao se sentir machucada e pedir para parar ele continuasse batendo. Em nenhum momento Christian faz algo com Anastasia que não esteja de comum acordo com ela.

Spoiler vem ai….

Na cena mais forte e final da história Grey bate em Anastasia com um cinto, e é um tanto chocante, faz pensar porque alguém gostaria disso. E muitas pessoas devem ter torcido o nariz para uma cena de uma mulher sendo subjugada assim. Mas foi ela que pediu, para entender o comportamento do Grey. E qual foi o resultado, ela não gostou. E não gostou e resolveu cair fora, passou por cima de sentimentos, de gostar dele e do que for, mas viu que para ele se relacionar precisava disso ela não podia fazer parte. O que há de submissa nisso? Quantos namorados machucam suas namoradas, não fisicamente, mas tão dolorosamente quanto e elas continuam ali para manter a relação?

Voltando ao que ficou famoso, o BDSM (“Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo”). Não sei tanto sobre o assunto, mas tem homens e mulheres que topam ser submissos e sentem prazer dessa forma. O próprio Christian em seu passado foi submisso. E pelo que entendi e como é mostrado na história é tudo feito de comum acordo e para que as duas pessoas sintam prazer. Christian tem um contrato para a pessoa definir o que gosta e o que admite. Então quando um jovem, como saiu no O Globo e muitos compartilharam (e o link não abre de jeito nenhum) diz que abusou de uma menina porque estava inspiradinho no filme, ele é um imbecil/maníaco que merece cadeia. Imbecil porque não entendeu a história, em que a pessoa pode até sinalizar com palavras amarelo/vermelho que não está gostando. É tudo feito dentro dos limites do outro. E maníaco porque a violência já estava presente na intenção, não acho que a história possa ser responsabilizada.

Problemas do Christian

Ele só sabe se relacionar assim porque prefere ter controle até de onde as pessoas encostam nele por traumas do seu passado, situações terríveis da infância. Ele também é muito fechado sobre isso e diz não ao romance. Mas para quem seguir a continuação verá que ele só tem um happy ending com Ana porque aceita mudar e rever seus conceitos.

Porque a mulherada se apaixonou por ele?

50tonsNo livro tem muito mais motivos do que no filme! Mas apesar dos defeitos apresentados acima Grey é bom de cama. E antes de fazer algo que Ana não gostou ele fez muitas outras (ela é virgem, coisa que acho exagerada pela sua idade) que deixaram a mocinha pegando fogo ( e quem foi lendo também tirou uma casquinha). Vivemos num tempo em que se fala muito de sexo, mas muitas mulheres tem muitas dúvidas sobre como chegar lá, como ajudar o paceiro, guiá-lo, sentir prazer junto….. E encontram um Grey sabe tudo (utópico até), cada canto do corpo feminino ele conhece. Acredito que deve ter ajudado muita gente a abrir o jogo com o parceiro. Até porque virou febre, mãe lendo com filha, emprestando pra prima, pra tia, pra todo mundo. Fora isso o fato de ele estar disposto a mudar por ela, criar cenas românticas só para agradá-la. As pessoas gostam de ver uma paixão irresistível, gostam de acreditar que o amor muda, que muitas coisas não estão nos eixos na vida amorosa porque não encontraram ainda a pessoa. Isso tudo fez dele um personagem desejável mesmo com todos os problemas. E um prazer literário pra quem se deixou conquistar.

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img-621272-assista-ao-trailer-de-50-tons-de-cinza20140724091406205617E a faixa etária? Olha eu acho esse assunto muito complicado e acho que depende de cada adolescente, uma preocupação pros pais, que precisam estar sempre orientando. Até para a galera mais nova também não supervalorizar a história, de “ai quero um príncipe assim pra mim”. Como disse o personagem tem muitos problemas! Em relação a assistir o filme e assistir as cenas de sexo depende também de cada responsável, até porque é meio hipócrita deixar o filho ver a novela mas não deixar ir ao cinema ver o filme nem que seja para matar a curiosidade. E não chega a ser um filme pornô, muitos cortes e edições para fazer que vai mostrar, mas não mostrar tanto.

Uma coisa que me incomoda na história é o festival de presentes, Christian é muito rico, podre de rico. E para muitas pessoas acredito que esse seja mais um motivo para achá-lo um partidão. Ele enche Ana de presentes, e no livro isso incomoda bastante ela, coisa que no livro virou só uma pontadinha. No livro ela chega a questionar se não está sendo comprada, ou errando ao aceitar mesmo que com relutância os presentes. Mas como uma pessoa que não tem dinheiro lida com um namorado endinheirado? Eu sei lá! Quem define o limite? Acredito que seja como a pessoa se sente em relação a isso.

Essa história de ter que arrumar um marido rico vai contra os meus valores pessoais, e contra o lugar que as mulheres já conquistaram de ter sua própria autonomia financeira e almejarem isso. Mas em nenhum momento na história isso é o ponto. Acredito que Christian se comporta como uma pessoa que pode gastar dinheiro com passeios caros, viagens, mas que são normais para o seu mundo. (Ele também ajuda as pessoas através das pesquisas da empresa se bem me lembro). Mas acho que a ideia dele ser rico vendeu para muita gente como mais uma “vantagem”. Prova disso é a sequência de livros que só observo as capas, de personagens adeptos do BDSM e que são ricos. Ou como são chamados os CEO. Como um livro divulgado recentemente com o título de Função CEO. Fala sério né quer dizer que o importante é que o cara tem muito dinheiro, essa não é a sinopse mas para mim é a imagem que passa. Não to dizendo que ninguém pode ler, ou que todo livro pós Cinquenta Tons é necessariamente uma bosta, mas eu fico com um zilhão de pés atrás e prefiro nem gastar meu tempo.

Voltando aos Cinquenta, fico imaginando como seria a história se Mr. Grey fosse um cara pobre, acho que seria outra com cenas bem diferentes, mas por isso que é um livro né, e acho que tem que lidar com isso dessa forma. É um livro, um romance, uma ideia, não um manual, é um filme, não um “como a vida deve ser”. Até porque imagina o que seria dos livros e filmes de assassinos?

Esse é um livro de entretenimento, não é uma obra prima, algo que vá virar um clássico. Mas distrair a cabeça com essas tramas também faz parte da vida. Uma coisa que me fez curtir a história, apesar dos problemas de cinderelismo, é que ela é divertida, tem diálogos engraçados e situações inusitadas sem serem forçadas e o romance é bom de acompanhar. Também gostei das partes apimentadas. Nas continuações, Cinquenta tons mais escuros e Cinquenta tons de liberdade, tem umas partes de ação que não acho que foram muito prováveis de acontecer. Mas pra mim deu pra passar, o saldo ficou positivo.

Acho que o começo ficou um tanto abrupto pela velocidade com que as coisas acontecem, problema dos cortes que as adaptações fazem, por isso que dificilmente o filme será perfeito aos olhos do leitor (poucos casos de total satisfação).Espero que o ator Jamie Dornan, continue no filme (sim, há rumores de que ele abandone a continuação), acho que ele fez um bom trabalho, sua cara de mal não ficou tão como eu imaginava mas… Até porque a Dakota Johnson fez um trabalho muito bom, tive medo de que fosse inexpressiva. Os outros atores apareceram muito pouco, não deu nem tempo de avaliar muito. A adaptação diminuiu bem a relevância dos outros personagens, que ficaram um tanto quanto ofuscados pelo casal principal.

E você o que acha da história e de toda a polêmica?

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{dia da mulher} Sejamos todos feministas – Chimamanda Ngozi Adichie

sejamosFiquei pensando no que escrever no dia de hoje, é um dia mais para refletir do que para comemorar. Resolvi escrever um post mesmo com o dia chegando ao fim, afinal pensar nas questões que envolvem a mulher não precisa de dia. Sendo assim, resolvi trazer alguns pontos do discurso da Chimamanda Ngozi Adichie, Sejamos todos feministas, que foi transformado em livrinho e que aproveitei hoje para ler (já tinha visto em vídeo, mas são experiências diferentes). A autora foi uma descoberta para mim no ano passado e com certeza é uma mulher que faz diferença. Então aí vão alguns pontos tratados no livro e algumas ideias também… (entre aspas trechos do livro)

1. Meninas são ensinadas a se preocupar com o que os meninos pensam dela, mas o contrário não acontece. As meninas não podem sentir raiva ou serem agressivas, os meninos sim.

2. Segundo a autora a palavra feminista tem um peso negativo, irônica explica: “a feminista odeia os homens, odeia sutiã (…) acha que as mulheres devem mandar nos homens, ela não se pinta, não se depila, está sempre zangada, não tem senso de humor, não usa desodorante.

3. A mulher é ensinada a se esconder e se diminuir. “Você pode ter ambição mas não muita. Senão você ameaça o homem. Se você é a provedora da família, finja que não é, sobretudo em público. Senão você estará emasculando o homem”.

4. Espera-se da mulher que ela queira se casar e que as escolhas dela sejam feitas levando em conta que o casamento é a coisa mais importante do mundo. “O casamento pode ser bom, uma fonte de felicidade, amor e apoio mútuo. Mas porque ensinamos as meninas a aspirar ao casamento, mas não fazemos o mesmo com os meninos?”

*Cada vez conheço mais mulheres que não pretendem se casar e ter filhos, e sei que muita gente torce o nariz. Ser feminista para mim é entender que cada mulher é de um jeito e tem o direito de fazer suas próprias escolhas. E que elas não dizem respeito a ninguém,  a muhere tem que ser respeitada independente de suas ideias sobre família, como ela se veste ou no que trabalha.

5. “Ensinamos as meninas que elas não podem agir como seres sexuais, do modo como agem os meninos. Se temos filhos homens não nos importamos em saber sobre suas namoradas. Mas e os namorados das nossas filhas?(…) Nós policiamos nossas meninas. Elogiamos a virgindade delas, mas não a dos meninos”.

6. “Ensinamos as meninas a sentir vergonha. Fecha as pernas, olha o decote. Nós fazemos sentir vergonha da condição feminina, elas já nascem culpadas. Elas crescem e se transformam em mulheres que não podem externar seus desejos.

*Isso leva a pensamentos altamente deturpados sobre o estupro ou o abuso, ideias que culpam a vítima.

7. “O problema da questão de gênero é que ela prescreve como devemos ser em vez de reconhecer como somos”.

8. “Muitos acreditam que quanto menos feminina for a aparência de uma mulher, mais chances ela terá de ser ouvida.

9. Porque ser feminista e não simplesmente acreditar nos direitos humanos? “O feminismo faz obviamente parte dos direitos humanos de uma forma geral _ mas escolher uma expressão vaga como “direitos humanos” é negar a especificidade e particularidade do problema de gênero. Seria uma maneira de fingir que as mulheres não foram excluídas ao longo dos séculos. Seria negar que  questão de gênero tem como alvo as mulheres.”

10. Os homens precisam se manifestar diante de situações de preconceito e não fugir da conversa.

11. Dizer que é cultural não é a resposta. A cultura está aí pra ser mudada. “A cultura não faz as pessoas. As pessoas fazem a cultura. se uma humanidade inteira de mulheres não faz parte da nossa cultura, então temos que mudar a cultura”. Chimamanda nasceu na Nigéria um país que culturalmente é extremamente machista, muito mais do que o nosso, e está ai para debater o feminismo. Em algumas culturas as mulheres são mutiladas e devem ser totalmente submissas, seguindo esse argumento são culturas que devem ser mudadas.

12. “A meu ver, feminista é o homem ou a mulher que diz: “Sim, existe um problema de gênero ainda hoje e temos que resolvê-lo, temos que melhorar. Todos nós, mulheres e homens, temos que melhorar”.

“Sejamos todos feministas é uma adaptação do discurso feito pela autora no TEDx Euston, que conta com mais de 1,5 milhão de visualizações e foi musicado por Beyoncé.

Veja a resenha do romance Americanah da autora e mais sobre a autora.

Então o que acha disso tudo? Pense, reflita e veja se as ideias que você tem do que a mulher deve ser também não são machistas…

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{Dicas} 20 de Novembro – Dia da Consciência Negra

Hoje, dia 20 de Novembro, é comemorado em lembrança a morte de Zumbi dos Palmares o Dia da Consciência Negra.
Continua sendo muito importante discutir a questão racial, não é só importante, é fundamental. O preconceito infelizmente ainda está aí.

Recentemente eu li dois livros, cujas resenhas estão aqui no blog, que trazem essa questão, ler um livro desses é uma boa ferramente para quem ainda sente algum preconceito aprender, para quem já sofreu se identificar e ver que tem todo o direito de expressar sua revolta e para quem quer entender mais sobre essa questão. Não deixe de ler!

consciencia

Americanah de Chimamanda Ngozi Adichie. Sinopse: Lagos, anos 1990. Enquanto Ifemelu e Obinze vivem o idílio do primeiro amor, a Nigéria enfrenta tempos sombrios sob um governo militar. Em busca de alternativas às universidades nacionais, paralisadas por sucessivas greves, a jovem Ifemelu muda-se para os Estados Unidos. Ao mesmo tempo que se destaca no meio acadêmico, ela se depara pela primeira vez com a questão racial e com as agruras da vida de imigrante, mulher e negra. Quinze anos mais tarde, Ifemelu é uma blogueira aclamada nos Estados Unidos, mas o tempo e o sucesso não atenuaram o apego à sua terra natal, tampouco anularam sua ligação com Obinze. Quando ela volta para a Nigéria, terá de encontrar seu lugar num país muito diferente do que deixou e na vida de seu companheiro de adolescência. Chimamanda Ngozi Adichie parte de uma história de amor para debater questões prementes e universais como imigração, preconceito racial e desigualdade de gênero. Resenha

A invenção das Asas de Sue Monk Kidd. Sinopse: Em sua terceira obra, Sue Monk Kidd, cujo primeiro livro ficou por mais de cem semanas na lista de mais vendidos do New York Times, conta a história de duas mulheres do século XIX que enfrentam preconceitos da sociedade em busca da liberdade. Sue Monk Kidd apresenta uma obra-prima de esperança, ousadia e busca pela liberdade. Inspirado pela figura histórica de Sarah Grimke, o romance começa no 11º aniversário da menina, quando é presenteada com uma escrava: Hetty “Encrenca” Grimke, que tem apenas dez anos. Acompanhamos a jornada das duas ao longo dos 35 anos seguintes. Ambas desejam uma vida própria e juntas questionam as regras da sociedade em que vivem. Resenha

Outra dica é o poeta Solano Trindade, eu nunca ouvi falar sobre ele, até recentemente na faculdade. E venho aqui prestar a minha queixa aos livros paradidáticos quem nunca tocaram no nome dele. Nada contra os outros autores que são trabalhados quando estudamos escravidão, mas porque em vez de repetir e repetir os mesmos nomes não buscar outras vozes. Vozes que lutaram contra o preconceito e defenderam sua cor.

Solano Trindade nasceu no dia 24 de julho em 1908, em Recife, filho de sapateiro mulato e de doméstica cafuza. Mesmo pobre conseguiu se revelar um ícone da cultura brasileira. Foi cineasta, pintor, ator de cinema, homem de teatro, militante e, sobretudo, poeta. Morreu no Rio, em 1974. As poesias de Solano estão repletas de referências aos ritmos, costumes, religiões africanas, além de mitos e lendas do povo negro. Em Pernambuco, criou a Frente Negra Pernambucana e o Centro de Cultura Afro-Brasileiro. No Rio Grande do Sul, o Grupo de Arte Popular. No Rio de Janeiro, o Comitê Democrático Afro-Brasileiro, o I Congresso Afro-Brasileiro, o Teatro Experimental do Negro, Teatro Folclórico Brasileiro, o Teatro Popular Brasileiro e o grupo de dança Brasiliana.

Conversa

– Eita negro!

quem foi que disse

que a gente não é gente?

quem foi esse demente,

se tem olhos não vê…

– Que foi que fizeste mano

pra tanto falar assim?

– Plantei os canaviais do nordeste

– E tu, mano, o que fizeste?

Eu plantei algodão

nos campos do sul

pros homens de sangue azul

que pagavam o meu trabalho

com surra de cipó-pau.

– Basta, mano,

pra eu não chorar,

E tu, Ana,

Conta-me tua vida,

Na senzala, no terreiro

– Eu…

cantei embolada,

pra sinhá dormir,

fiz tranças nela,

pra sinhá sair,

tomando cachaça,

servi de amor,

dancei no terreiro,

pra sinhozinho,

apanhei surras grandes,

sem mal eu fazer.

Eita! quanta coisa

tu tens pra contar…

não conta mais nada,

pra eu não chorar –

E tu, Manoel,

que andaste a fazer

– Eu sempre fui malandro

Ó tia Maria,

gostava de terreiro,

como ninguém,

subi para o morro,

fiz sambas bonitos,

conquistei as mulatas

bonitas de lá…

Eita negro!

– Quem foi que disse

que a gente não é gente?

Quem foi esse demente,

se tem olhos não vê.

              Solano Trindade

 

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Dia das crianças é dia de ler com elas e para elas!

Hoje é dia das crianças e muitas delas querem ganhar brinquedos. Mas que tal, além do brinquedo dar também um livro? Pode ser um pequeno, se a criança for pequena e cheio de imagens. Pode ser do assunto que ela mais gosta… Se a preguiça de ler bater ou ela ainda não souber como juntar as palavras, leia para ela. Não há criança que não goste de ouvir uma boa história, mesmo que seja só antes de dormir. E se ela não parar quieta se esforce, porque ler e ouvir também é uma questão de hábito. Não desista! Faça vozes, mostre interesse na história, faça perguntas… há muitas formas.

A leitura ajuda a desenvolver o repertório, formar o senso crítico, aumentar o conhecimento e o vocabulário, estimula a imaginação e a criatividade, e, é claro, ajuda a aprender a ler e escrever.

Pedi a minha irmã, Ana Clara (7 anos), para indicar os livros que ela leu recentemente e gostou:

o urso com musica na barrigaPublicado pela primeira vez em 1938, o livro O Urso com música na barriga, conta a história de uma família de ursos que mora no Bosque Perdido. A vida era calma na família do Urso-Pardo, marido da Ursa-Ruiva e pai do Urso-Maluco. Até que uma idéia de Dona Ursa-Ruiva muda toda a história: ela decide encomendar à Cegonha uma irmãzinha para o Urso-Maluco. Este, todo animado, escreve uma carta à Cegonha-Cor-de-Rosa pedindo não uma irmãzinha, mas um irmãozinho – e com música na barriga. O pedido do Urso-Maluco é atendido e começam as aventuras de um urso diferente. O dr. Cavalo quer operá-lo, mas Pai-Urso e a Mãe-Ursa não deixam. O Urso-com-Música-na-Barriga precisa descobrir como fazer com que entendam a sua linguagem. Ele vai crescendo até o dia em que é confundido com um urso de brinquedo e vai parar na casa de um menino muito rico, onde corre sérios riscos de vida. Eva Furnari, um dos grandes nomes do livro infantil brasileiro, assina as ilustrações e o projeto gráfico especiais da Coleção Erico Verissimo. Autor de livros clássicos como Olhai os lírios do campo e O tempo e o vento, Erico começou a escrever livros infantis na década de 1930, mesma época em que estreava na literatura adulta. As histórias infantis do autor são marcadas por um estilo ágil, construído com frases curtas e bem-humoradas. Como era comum na época, as narrativas procuram divertir o leitor, mas também instruir e apresentar modelos de comportamento.

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A menina de nome enfeitado é um livro infantil da jornalista Míriam Leitão, que teve no ano passado, com A perigosa vida dos passarinhos pequenos, sua bem-sucedida estreia na literatura infantil. A história se passa em um sítio onde tia e sobrinha brincam com letras para falar às crianças do mágico mundo da leitura. As belas ilustrações de Alexandre Rampazo complementam a narrativa criando um ambiente de imaginação e leveza para o caso de Nathália, uma menina “muito sabida e bonita” que está deslumbrada com o fato de que, juntas, as letras formam palavras. A menina, no entanto, está encucada com uma letrinha que ela não atina para que serve: o “h”. O livro é para ajudar as crianças na fase da alfabetização, mas o sentido maior da aventura de tia Nininha e a sobrinha Nathália é mesmo seduzir as crianças para o maravilhoso mundo da leitura.

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 Contos de Grimm é o nome dado para as histórias recolhidas do folclore alemão, no século XIX, pelos irmãos Jacob Ludwig Carl e Wilhelm Carl Grimm, mais popularmente conhecidos como “Irmãos Grimm”. Criadas pela imaginação popular e depois publicadas na forma impressa, elas atravessaram gerações e continentes, e continuam até hoje a encantar crianças e adultos. Neste volume, clássicos como Cinderela e A Bela Adormecida, além de muitas outras histórias emocionantes.

O meu presente de dia das crianças para ela foi o livro do Erico Verissimo, O Urso com música na barriga. Vários outros autores clássicos também se dedicaram a escrever para as crianças. Na lista do site Educar para crescer você encontra dez autores como: Pablo Neruda, José Saramago e Clarice Lispector.

Dez-bons-conselhos-de-meu-paiFonchitoLivroDasPerguntasO_MISTERIO_DO_COELHO_PENSANTE_1241970731PSilencio-da-agua

imagesOutra autora infantil, que eu tive a oportunidade de redescobrir é a Bia Bedran. Quando eu era criança conheci seu trabalho musical, mas só recentemente fazendo uma entrevista para a faculdade descobri que ela se tornou também escritora. Ela me presenteou com o livro O Palhaço Biduim, que achei uma graça e a Ana Clara também aprovou.

 O palhaço Biduim levava uma vida boa até a chegada de uma bruxa que desperta nele sentimentos duvidosos… Este livro conta a história do palhaço Biduim, que um dia ficou triste, mas conseguiu ter sua felicidade de volta. Com uma linguagem repleta de musicalidade, Bia Bedran mostra às crianças que a felicidade não depende de fama e dinheiro, e está presente nas coisas. Outros livros dela.

capa barnaby

Outro livro que acho que toda criança e futuros pais (na verdade acho que todo mundo) deveriam  ler é o  A coisa terrível que aconteceu com Barnaby Brocket do John Boyne, que trata principalmente do respeito às diferenças e discute com uma simplicidade encantadora que a normalidade não existe. A história é uma linda alegoria ao preconceito que as pessoas têm com aquilo que consideram anormal, lembra muito uma fábula. Barnaby é um menino que nasceu com o dom de flutuar, sem o menor controle sobre isso, o que para muitos é uma situação fantástica, pareceu algo terrível aos olhos de seus pais que se consideravam normais demais. Juntos decidiram que era melhor abrir mão do filho caçula para sua vida voltar a ser perfeita, e o abandonam com muito pouco pesar. Leia aqui a resenha completa do livro