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Quem conta um conto aumenta um ponto?

Para os autores os personagens são como filhos, mais do que filhos até, porque está nas mãos do escritor o destino dos personagens, por mais que gostemos ou não. Quando amamos os livros que lemos costumamos achar os personagens incríveis e as decisões acertadas, há também os livros que amamos odiar ou os do George no qual vemos morrer nossos personagens favoritos sem dó.

Mas o que acontece quando um autor morre? Os personagens devem ficar para sempre eternizados na memória e imaginação do leitor ou não há problemas caso outro autor se aproprie deles e continue ou até mesmo faça uma releitura da história? É uma questão muito complicada se levarmos em conta que a personalidade do personagem depende muito da ideia que o autor faz dele. Se para cada leitor a interpretação daqueles atos e palavras são bem diferentes. então se alguém continua uma história, continua a partir do que entendeu e assimilou, e isso pode resultar numa experiência bem diferente para o leitor que já estava acostumado com a escrita e com o jeitinho de cada personagem. Mas acredito também que isso tudo depende muito desse novo autor, não cagar a história e até mesmo conseguir inovar, quem disse que as mudanças não podem ser para a melhor? Acho que o jeito é ler ver no que dá.

Eu fico curiosa com o que o autor pensaria a respeito lá do além. Agatha Christie não quis correr o risco e escreveu a morte do celebre e querido Hercule Poirot, antes de morrer com a autorização para que o livro só fosse publicado depois de sua morte (Cai o pano). George Martin, apesar de escrever Wild Cards com outros autores, gosta de ter o controle total sobre seu personagens e não lê nem mesmo as fanfics. Ele escreveu em seu livejournal deixando claro que é totalmente contra a utilização de seus personagens por escritores de fanfics e explicando os motivos de sua posição: “Ninguém pode abusar das pessoas de Westeros, exceto eu. Isto não tem nada a ver com dinheiro ou direitos autorais ou a lei. É uma reação instintiva de nível emocional. E é tudo sobre o amor. Em ambos os lados.”

Trilogia Millenium

imagesRecentemente soube que a Trilogia Millenium, dos quais fazem parte os livros “Os homens que não amavam as mulheres”, “A menina que brincava com fogo” e “A rainha do castelo se ar” pode ganhar uma continuação feita por outro sueco.

***Atualização! O livro já foi publicado e divide opiniões! Assim que ler divido a minha!

Fiquem bem preocupada, os personagens são muito fortes, inteligentes, e o enredo é um tanto brutal. eletrizante e massacrante, é cativante para quem gosta do gênero. Os livros têm política, tráfico de mulheres, assassinatos, crimes e jornalismo! São três livros que me despertaram muitas emoções conflitantes, então rola um grande medo de que o novo autor faça uma grande merda. Agora já estou mais conformada e acho que vou acabar lendo nem que seja só para falar mal. O meu futuro autor querido ou odiado, se chama David Lagercrantz, ele assinou contrato com a Norstedts e a previsão é que o novo livro seja lançado em agosto de 2015. Segundo a reportagem que saiu no site do Estadão: “o novo autor disse que se sentiu cético com a ideia de escrever o quarto livro, mas que mudou de ideia quando leu os primeiros romances. ‘Senti que esses personagens, Blomkvist e Salander, mereciam uma vida mais longa’.”

Money e direitos autorais

[Ainda no Estadão] A diretora de publicações da Norstedts, Eva Gedin, disse que o novo livro será uma obra original e não terá nada do que Stieg Larsson começou a escrever para o quarto romance da série, mas que acabou não finalizado quando morreu aos 50 anos, após uma parada cardíaca. O pai e o irmão de Larsson, Erland e Joakim Larsson, são os donos dos direitos autorais, mas a mulher de Larsson trava na justiça um processo para ter direito a uma parte também. “Eva e Larsson foram parceiros por mais de 30 anos, mas nunca se casaram. O escritor não deixou um testamento, assim seu pai e irmão herdaram os direitos da obra. Ela disse ao jornal Aftonbladet que o novo livro é “de muito mal gosto” por tentar fazer mais dinheiro de algo que já tem tanto sucesso. “Acho que é ganância, que é uma indústria multimilionária”, afirmou”. Será que Larsson está se revirando no túmulo e é tudo para ganhar mais dinheiro? É claro que é pra ganhar mais dinheiro, capitalismo selvagem, mas pode ser que o resultado seja bom e depois que ler eu falo aqui.

Sinopse de Os homens que não amavam as mulheres (para quem inda não leu ficar com vontade de ler logo):

“Os Homens que não Amavam as Mulheres” é um enigma a portas fechadas – passa-se na circunvizinhança de uma ilha. Em 1966, Harriet Vanger, jovem herdeira de um império industrial, some sem deixar vestígios. No dia de seu desaparecimento, fechara-se o acesso à ilha onde ela e diversos membros de sua extensa família se encontravam. Desde então, a cada ano, Henrik Vanger, o velho patriarca do clã, recebe uma flor emoldurada – o mesmo presente que Harriet lhe dava, até desaparecer. Ou ser morta. Pois Henrik está convencido de que ela foi assassinada. Quase quarenta anos depois o industrial contrata o jornalista Mikael Blomkvist para conduzir uma investigação particular. Mikael, que acabara de ser condenado por difamação contra o financista Wennerström, preocupa-se com a crise de credibilidade que atinge sua revista, a Millennium. Henrik lhe oferece proteção para a Millennium e provas contra Wennerström, se o jornalista consentir em investigar o assassinato de Harriet. Mas as inquirições de Mikael não são bem-vindas pela família Vanger. Muitos querem vê-lo pelas costas. Ou mesmo morto. Com o auxílio de Lisbeth Salander, que conta com uma mente infatigável para a busca de dados – de preferência, os mais sórdidos -, ele logo percebe que a trilha de segredos e perversidades do clã industrial recua até muito antes do desaparecimento ou morte de Harriet. E segue até muito depois… até um momento presente, desconfortavelmente presente.

Millenium nas telonas

Vale lembrar que o filme já foi adaptado para o cinema duas vezes, uma versão sueca que já deu conta dos 3 livros e uma hollywoodiana baseada no primeiro, com Daniel Craig e Rooney Mara. Eu gostei das duas adaptações! Não cortaram os pontos difíceis de digerir característicos do livro, embora o livro ainda seja mais sombrio.

Jane Austen

oepOutra autora que já teve seus personagens bem “usados” é Jane Austin, uma das minhas autoras favoritas, já ganhou “continuações”, releituras e até já virou personagem de livros variados. As duas releituras no mínimo mais curiosas que já vi são: Orgulho e Preconceito e Zumbis de Seth Grahame-Smith e Razão e Sensibilidade e monstros marinhos de Ben H. Winters. Confesso que acho a ideia muito louca, e nunca me atraiu para ler. Um amiga que ainda é mais fã do que nem conseguiu acabar de ler o dos zumbis e e disse: “as personalidades são muito diferentes e basicamente tudo ela pensa é “ui vou pegar e resolver na espada….arracaria a cabeça do darcy na espada.” Continuo sem vontade de ler. Leiam e me contem o que acharam.

Ainda tem outros livros como Jane Austin a Vampira (medo) em que como diz o nome coloca a autora como uma personagem vampiresca, de Michael Thomas, tem uma paródia chamada Cinquenta Tons do Sr. Darcy da Emma Thomas (sim tem de tudo mesmo e é bem tosco, já li o começo, é só para rir mesmo, não da nem para levar a sério) e um outro que realmente me deixou interessada: Morte em Pemberley de P. D. James. Porque é um romance policial, gosto muito, e a autora é premiada, já tem muitos livros do gênero. Quero ler!

Sinopse: O ano é 1803. Elizabeth Bennet e Fitzwilliam Darcy já estão casados, tiveram dois filhos e sua felicidade na imponente propriedade rural de Pemberley parece inabalável. Mas a paz do lugar é ameaçada quando, na noite da véspera do baile anual de Pemberley, Lydia, uma das irmãs Bennet, chega à mansão gritando que o marido, George Wickham, foi assassinado na floresta. Com este ponto de partida, P.D. James retoma o universo do clássico Orgulho e preconceito, de Jane Austen, numa trama de assassinato em que nada é o que parece (mais).

* Esse livro acabou de ganhar uma série de TV com o mesmo nome.
Quais livros você já leu e são releituras ou continuações feitas por outros autores? Gostou, não gostou? Conta para mim!