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{euli – Entrevista} Kris Barz responde

Oi pessoal, há umas semanas contei para vocês sobre os livros da Hoo Editora (post e vídeo) e entre eles o Torta de Climão do Kris Barz. O “Torta” é um  livro de tirinhas muito engraçadas, contra a homofobia e sobre amizade, amor, relacionamento. Trabalho bacana! Depois de ler as tirinhas fiquei cheia de perguntas na cabeça e o Kris me fez a gentileza de responder em vídeo. Então assista o vídeo e confira!

*A Hoo editora (loja) é parceira do Eu li e tem a proposta de lançar livros com a temática LGBT.

Torta de Climão:
http://www.tortadeclimao.com.br
http://www.krisbarz.squarespace.com
https://www.facebook.com/tortadeclimaohq/?fref=ts
https://www.instagram.com/krisbarz/
https://www.youtube.com/channel/UC5AGMy3cRVngD_NT-rwkL1Q

Veja também a entrevista com as autoras do livro Volto quando puder.

Muito obrigada Kris!

Gostaram!? Comentem! beijos

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{eu li – entrevista} Isa Prospero e Márcia Oliveira autoras de “Volto Quando Puder”

foto1Oi pessoal! Ontem fiz resenhas dos livros que recebi da Hoo Editora e um deles foi o Volto quando puder das autoras Isa Prospero e Márcia Oliveira. Depois de ler fiquei curiosa sobre alguns aspectos sobre a escolha do tema e a escrita conjunta. E elas, muito simpáticas, me responderam por e-mail algumas perguntas. E também de cara me esclareceram que o termo homossexualismo que eu usei na primeira pergunta não se usa mais(já concertei!). “Não se usa mais os -ismos, que têm conotação de doença”. Achei bem bacana esse avanço!
capa_volto-quando-puder_14x21cm_v2_alterada_3-325x475Eu li ou vou ler: Como surgiu a ideia do livro? E a ideia de falar de homossexualidade? 
Márcia: De certa forma, a Isa e eu escrevemos um livro que queríamos ler. Quando éramos mais novas, tínhamos o hábito de escrever contos uma para a outra (treinos, basicamente), e o Volto começou assim. Eu comecei a escrever uma história curtinha para a Isa, mas ela começou a ficar cada vez mais longa, então a Isa sugeriu que eu a transformasse num livro. Concordei, mas só se ela escrevesse comigo. 
Quando reestruturamos a trama (o conto original era bem diferente, o ponto de vista era do pai do atual protagonista), decidimos incorporar elementos que fossem importantes para nós, como a desconstrução de conceitos como o machismo, o preconceito racial/social, a homofobia e a bifobia¹, conflitos entre gerações e a construção da identidade na adolescência.
Isa: E é até interessante você ter perguntado sobre homossexualidade, porque o conflito principal do livro envolve um homem bissexual. É uma orientação pouco representada nas diversas mídias e que frequentemente sofre apagamento e enfrenta muitos preconceitos. Quisemos explorar alguns deles por meio do protagonista, que vai ampliando suas concepções. 
Eu li ou vou ler: Vocês vivenciaram alguma situação parecida ou viram? 
Márcia: Como as que aconteceram no livro, você quer dizer? Comigo, pelo menos, não exatamente. Não da forma como escrevemos no livro. Vivemos numa sociedade essencialmente fundamentada em preconceitos. Nos deparamos com misoginia, homofobia, racismo e elitismo casuais (ou até bem agressivos) o tempo todo. Tentamos abordar cada uma dessas questões da forma mais aberta e genérica o possível, para que quem lesse pudesse reconhecer-se em pelo menos uma das cenas. Por exemplo, os problemas que o Artur tem com o pai: nem todo mundo tem/teve um pai ou mãe tão mais “descolado(a)” do que você, mas provavelmente já sentiu que um deles (ou ambos) era cego para os seus problemas. A maioria das pessoas também já ouviu alguém se referir a alguma pessoa negra como “favelada” ou algum outro termo pejorativo. A ideia é que o leitor absorva as experiências do Artur e compare-as com as suas próprias.
Isa: Basicamente o que ela disse! A única experiência parecida com a dos personagens que tive foi a do luto (embora não tenha sido o que inspirou a história, que surgiu bem antes), mas certamente vivi conflitos e desentendimentos com a família e presenciei muitas instâncias de preconceito. Também fui me “desconstruindo” ao longo da adolescência e da vida adulta em relação a muitas das questões que abordamos, então foi legal escrever a jornada de um personagem que passa por isso também.
Eu li ou vou ler: Se inspiraram em alguém para compor esses personagens?
Márcia: Algumas das características do Artur e do Guilherme surgiram de debates que tive nas minhas aulas de Psicologia do Desenvolvimento, como as teorias do desenvolvimento psicossocial de Erik Eriksson². Os outros foram sendo moldados de acordo com a necessidade da trama.
Isa: Me inspirei muito nas minhas experiências e lembranças da adolescência, especialmente para o Artur. Para as meninas, partimos mais do que não queríamos representar: estereótipos, competitividade entre garotas, etc. 
 Eu li ou vou ler: É o primeiro livro das duas?
Marcia: Sim.
Eu li ou vou ler: Tiveram dificuldade de publicar ou a Hoo foi a primeira opção?
Márcia: enviamos o original para outras editoras, mas a Hoo foi a primeira a nos contactar. 
Isa: E quando conversamos com os editores, vimos que o projeto da Hoo se adequava perfeitamente ao Volto. A ideia da editora é quebrar com a heteronormatividade, abordar temáticas LGBT+ de modo naturalizado e não necessariamente sendo o foco do livro. Então ficamos muito felizes quando eles gostaram do livro.
Eu li ou vou ler: Vocês se conheceram como? Como decidiram escrever juntas e como foi o processo de escrita do livro em dupla?
Márcia: Acabamos de completar 11 anos de amizade esse ano! Nos conhecemos pela Internet, em 2005. Algns meses depois, já conversávamos sobre o amor em comum por escrita, e começamos a “brincar” de escrever uma para a outra, e isso acabou passando para o próximo passo: escrever histórias juntas.
Isa: Sim, e o Volto foi o primeiro livro que terminamos! Foi uma experiência ótima, porque cada uma trouxe suas próprias forças e experiências para a escrita e a formação dos personagens. A cada discussão apareciam ideias inesperadas. Foi um processo cheio de surpresas. E é muito útil ter alguém te incentivando a escrever – na loucura do dia a dia, pode ser difícil achar tempo e ânimo pra isso.
1- Bifobia é um termo usado para descrever o medo de, aversão à, ou discriminação contra bissexualidade ou pessoa LGBT que é bissexual ou percebe ser bissexual. Também pode significar o ódio, a hostilidade, desaprovação de, ou preconceito contra a pessoa LGBT, comportamento sexual, ou culturas.
2- Erik Eriksson foi um psiquiatra responsável pelo desenvolvimento da Teoria do Desenvolvimento Psicosocial na Psicologia e um dos teóricos da Psicologia do desenvolvimento.

Mais sobre elas

Isa Prospero nasceu em 30 de maio de 1990, em Piracicaba-SP. Graduou-se em Comunicação Social – Editoração na Universidade de São Paulo em 2012 e atua como tradutora e revisora. Nas horas vagas, ainda fala sobre livros em seu blog, Sem Serifa: www.blogsemserifa.com.

Márcia Oliveira nasceu em 29 de julho de 1987, em Guarulhos-SP. É estudante de Psicologia pelas Faculdades Integradas de Ciências Humanas, Saúde e Educação de Guarulhos. Passou a maior parte da adolescência trabalhando diretamente com crianças e adolescentes, como voluntária em projetos municipais e estaduais, e se interessa especialmente por psicologia do desenvolvimento.
(Fonte: Hoo Editora)

E então o que acharam? Não deixem de comentar!

Obrigada Isa e Márcia pela atenção e sucesso!