Sinopse: O jovem delegado Hermano está longe de ser um policial típico. Filosofa sobre a verdade, gosta de poesia. Inexperiente e orgulhoso por jamais ter usado sua arma, ele recebe a missão de investigar o assassinato de um deputado federal acusado de desviar verbas destinadas às vítimas de uma grande inundação.
A arma do crime foi um maçarico, usado com impressionantes requintes de crueldade. Outros políticos são mortos com o mesmo ritual torturante. Um pastor evangélico, ex-presidiário, surge como suspeito. A população batiza os assassinos como “Vingadores do Povo”. Pressão total. Ódio e desinformação esquentam os ânimos. A vida de Hermano se transforma num inferno.
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Esse livro me intrigou desde a sinopse, não é muito difícil na situação atual alguém pensar em se livrar de políticos corruptos. Sem dúvidas permeia o imaginário de muita gente! É claro que tem que parar no imaginário porque não podemos deixar que o ódio vire a solução, até porque no começo do livro logo paira a dúvida de quais foram os reais motivos para os assassinatos que acontecem. Tem sempre algo por trás em um romance policial, e gostei muito que esse não foge a regra e foge do óbvio.
O livro do Adilson Xavier levanta muitos pontos importantes sobre a situação atual, temos um policial bem inconformado com a sua situação. Naquele cenário bem complexo da polícia no Rio de Janeiro, casos de corrupção, vantagens que os políticos tentam tirar da resolução dos casos, pressão para que tudo se resolva rápido, alta divulgação da mídia sobre os casos, pressão popular… Um contexto bem explosivo, que o detetive Hermano tem que descobrir como lidar, sem servir de bode expiatório e sempre se arriscando.
Os assassinatos são bem cruéis, não vou descrever aqui, porque acredito que fazem parte da dinâmica de você ler esse tipo de livro. Mas envolvem um maçarico então fica aí na imaginação o tamanho da tortura. Os reais motivos você só tem certeza no final, então não vou contar, mas englobam vários temas como a política que se faz no Brasil e interesses financeiros. O que mais surpreende é o apoio popular aos assassinos, pessoas chegam a dar o nome de Vingadores do Povo e isso é bem discutido no livro: o fazer vingança com as próprias mãos; o condenar antes das provas; e se os justiceiros são mocinhos ou vilões?
Hermano é um ex-viciado em drogas, e foi na reabilitação que conheceu sua esposa, o casal já mora junto há algum tempo, mas acaba escondendo certas coisas um do outro. Então temos essa situação paralela e íntima junto ao caso, mas que surpreende no fim com a forma em que tudo está conectado. Hermano tem um lado machista, não é aquele personagem principal que você vai admirar o tempo todo, ele é bem real na verdade. Ele usa o estresse do trabalho como desculpa para trair, a forma como ele lida com essas relações me renderam aquela revirada de olho de irritação. Mas para com o personagem e não com o livro em si.
A companheira de Hermano também esconde uma situação com o ex-namorado, que não está ligada necessariamente há uma relação física e sim as artes. Em um outro caso que também vai por em cheque o limite das produções artísticas, o que pode ser exposto em um quadro, até onde a justiça deve intervir, o exagero de algumas reações e por aí vai.
Eu fiquei impressionada como o autor conseguiu lidar com tantos temas, em um livro que não é grande e dar conta. Teve uma ou duas passagens que fiquei na dúvida sobre quanto tempo tinha passado e se eu tinha deixado passar alguma informação, mas nada que atrapalhasse muito a leitura. Não é aquele livro em que a investigação é brilhante o tempo todo, Hermano e seus detetives subordinados vão dar muito com os burros n’água em quase o livro todo, fiquei até na dúvida se o livro ia terminar aberto ou se realmente alguém seria preso no final conforme as páginas que faltavam iam diminuindo. Recomendo muito a leitura, é um livro ousado que se propõe a tocar o dedo na ferida e falar de vários assuntos incômodos.
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