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Onde a Luz Cai – Allison Pataki e Owen Pataki

1604-20180511144235Sinopse: Três anos após a queda da Bastilha, Paris fervilha com os ideais da Revolução Francesa iniciada em 1789. A Monarquia foi deposta, a aristocracia, desmantelada, e ergue-se uma nova nação do povo e para o povo.
Inspirado pelo senso de dever patriótico, Jean-Luc, um advogado jovem e idealista, muda-se para a capital com o filho e a esposa, Marie. André, filho de um antigo nobre, foge de seu passado privilegiado para lutar no exército republicano francês junto do irmão. Sophie, uma bela e jovem viúva aristocrática, sobrinha de um poderoso e vingativo general, embarca em sua própria luta pela independência.

Mas a promessa de esperança começa a ser ameaçada pelo medo quando a busca incessante por justiça se converte em fanatismo e gera instabilidade, transformando compatriotas em inimigos e alimentando a sede de sangue nas ruas. Na luta para impedir que o caos desfaça todo o progresso da Revolução, as vidas de Jean-Luc, André e Sophie se entrelaçam, e eles são forçados a questionar os sacrifícios feitos em nome da nova República.

Onde a luz cai foi uma leitura que esperei gostar e fui muito bem atendida! Eu gosto muito de romances históricos, tenho vários na estante, resenhas aqui no blog e por isso o Grupo Autentica entrou em contato me oferecendo o livro para que eu desse minha opinião. De cara a sinopse me interessou, tive medo de que houvesse muito realce das partes de romance amoroso como vejo em alguns livros, mas isso não acontece! #vitoria Os romances entre os personagens acontecem mas não são o foco total, do jeitinho que gosto. Apesar da história de André e Sophie tenha bastante drama a lá Romeu e Julieta. Mas funciona bem na história.

Como explica a sinopse o pano de fundo é a Revolução Francesa, principalmente os anos de terror em que os ideais acabam se perdendo no meio dos interesses dos figurões políticos. Quando todo mundo acaba indo parar na guilhotina, até o próprio Robespierre no fim das contas.

Claro que temos personagens que ainda acreditam e lutam pelos ideais de igualdade e fraternidade e que querem fazer o bem do povo na França. Nossos quatro personagens principais se enquadram nesse lado de formas diferentes, e com isso acabam sendo ameaçados por poderosos que não se importam de usar de meios escusos para conseguir o que querem e evitar o que não querem. Os personagens são cativantes, passamos a torcer por eles ao passo que aprendemos ou relembramos detalhes desse período histórico tão importante para o mundo.

Jean-Luc e Marie passam a viver na parte pobre de Paris, porque ele quer trabalhar para que o país seja justo. Mas sua posição inicial como advogado não lhe paga muito bem, e ele acaba sempre se interessando pelos casos menos rentáveis, pelos injustiçados que não tem como pagar. Aquele personagem coração de ouro, e sua mulher não fica atrás, aguenta tudo, cria o filho pequeno e mais que vocês precisam ler para saber. Aos poucos os talentos de Jean-Luc são notados e isso vem para o bem e para o mal.

Na outra ponta temos um casal lutando para ficar junto, agora que o jogo se inverteu na França, ser nobre é perigoso, mesmo que a pessoa nunca tenha feito mal a ninguém. André deu sorte de sua posição necessária no exército o assegurou até ali e Sophie que é viúva de um nobre recebe a proteção de seu tio. Mas o relacionamento deles acaba expondo uma perseguição a André e o perigo é constante. André também está sempre se arriscando porque no período o exército em um primeiro momento teve que defender a França de um levante contrarrevolucionário com o apoio das monarquia austríaca e prussiana. E depois ir a guerra sob comando de Napoleão até no Egito.

A parte histórica é bem viva, os personagens fictícios encontram personagens que realmente viveram e outros fortemente inspirados em pessoas reais. Momentos históricos importantes são narrados, com uma ou outra adaptação. Tudo é bem explicado no final do livro pelos autores, quais pontos usaram de licença poética. O livro é escrito por um autor e uma autora e isso me deixou bastante curiosa para saber mais como foi essa divisão do trabalho, se cada um criou os passos de um casal já que no começo as histórias são narradas separadas até convergirem ou se escreveram tudo juntos. Eles tem um tom diferente para mim mas pode ser só impressão.

Referência literária/histórica

Em um momento do livro que não vou contar para não dar spoiler, André acaba esbarrando com o pai do autor Alexandre Dumas, e isso foi uma referência bem legal! Até porque não sabia da história do pai do autor que era negro, filho de uma escrava e um nobre. Thomas Alexandre Davy de la Pailleterie, mais conhecido como General Dumas foi um general importante e não tinha muitos militares de altas patentes negros na época. E no diálogo com André ele se refere ao filho que está para nascer e o nome que terá. Muito interessante!

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#SetembroPolicial Ano III

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O Setembro Policial é um mês dedicado a literatura policial, que está chegando a sua 3ª edição no mês que vem. Fazemos uma programação especial aqui no blog e no canal voltada para esse gênero, porque foi em setembro que nasceu Agatha Christie, nossa rainha da literatura policial. Junto comigo estão vários parceiros que irão participar a sua maneira, além de autores e editoras convidadas. Fiquem ligados que sempre rolam dicas muito bacanas e sorteios especiais!

E vocês podem participar das leituras, comentando e também lendo outros livros do gênero, postando com a nossa #SetembroPolicial. Não deixe de seguir o instagram e curtir a página do Eu li no facebook para não perder nada.

Enquanto dia 1º não chega, que tal conferir essas playlists lá no canal que podem te ajudar a escolher alguns livros para ler? 😉

Especial Agatha Christie
Todos os livros do Sherlock Holmes (escritos pelo Conan Doyle)
Vídeos do Setembro Policial

E você também pode conferir aqui os posts de todos os blogs de 2016 e 2017!

Acompanhe também nos blogs:

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{Projeto Uns e Outros} Depois do baile de Tolstói + O herói da sombra de Cristóvão Tezza

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Estamos na reta final do Projeto Uns e Outros (entenda) e me veio um dos contos que estava bem curiosa para ler por ser do Tolstói, tenho Guerra e Paz na estante mas ainda não li nada do grande autor russo. Também nunca fiz nenhuma leitura do Cristóvão Tezza então estava completamente no escuro. Para mim os dois contos falam de como podemos nos desiludir com as pessoas pelas que estão a sua volta. Isso mesmo, preconceitos, ideais reacionários e violentos da família de um interesse amoroso podem melar uma relação?

No conto de Tolstói (leia aqui o conto), Depois do Baile, temos um narrador que está contando do seu primeiro grande amor, uma dama linda da sociedade, para os seus amigos. Mas um flagrante do pai da moça, militar, sendo extremamente cruel o faz rever seus conceitos. Na releitura de Tezza a história é um pouco mais inusitada, contada com um ar cômico, a personagem principal é uma mulher que também está contando para a amiga como quase se envolveu com um vendedor de carros, mas ao conhecer seu pai ela acabou querendo fugir da situação. O que vocês acham disso? Vale a pena se envolver com pessoas que tem pais ou mães com valores completamente errados? Ou o alvo do interesse não tem culpa e é melhor continuar investindo? Virou quase Casos de Família essa resenha hahahaha

Outro ponto que vale analisar é o contexto histórico, no caso do conto de Tezza, que se passa nos dias de hoje, ele toca na ferida da ditadura. Em como ainda temos pessoas de idade que pertenceram ao exército e fizeram parte dos governos ditatoriais trabalhando em órgãos de repressão e ainda acreditam que não fizeram nada de errado. Ou pior que seus filhos e outros parentes coloquem panos quentes nas atitudes dessas pessoas.

tolstoiLiev Tolstói é um dos maiores escritores russos de todos os tempos, deixou inúmeros romances e dezenas de contos. Destaque para Guerra e paz, Anna Karenina e A morte de Ivan Ilitch. No final da vida, defendeu o ideal de uma espécie de anarquismo cristão.

cristovaoCristovão Tezza nasceu em Lages (SC), em 1952, mas vive em Curitiva há mais de cinquenta anos, dedicando-se a literatura. Escrever, entre outros, os romances, Trapo, Uma noite em Curitiba, O fantasma da infância, O fotógrafo, Um erro  emocional, O professor e A tradutora. Seu romance O filho eterno recebeu os mais importantes prêmios literários do Brasil e foi adaptado para o cinema.

Ainda não conhece o projeto? Estou lendo em conjunto com os blogs Ponto para LerLeitora Sempre e Jeniffer Geraldine os contos do livro Uns e Outros publicado pela Tag Experiências Literárias (um clube de livros por assinatura, saiba mais clicando aqui). Os encontros trazem contos clássicos já publicados com releituras de autores de língua portuguesa, nós sorteamos a ordem e montamos um calendário para cada blog (entenda melhor sobre o projeto). Na próxima falaremos sobre os contos Pai contra mãe de Machado de Assis e Pipa Sande de Paulo Lins.

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{Projeto Uns e Outros} Teoria do Medalhão – Machado de Assis + O futuro político – Milton Hatoum

178e8db0-e5ea-49e7-b04b-2424a45073d3Estou atrasada no projeto mas voltei (entenda sobre o projeto aqui)! Dessa vez vou falar sobre um par de contos com uma grande crítica social, cada um a sua maneira. No de Machado, Teoria do Medalhão, temos quase um monólogo do pai para o filho, que cansa em alguns momentos mas se você ficar atento aos absurdos que o pai fala dá até vontade de rir. E no conto de Hatoum, a releitura, temos um debate acalorado em que o pai tem propósitos bem parecidos.

O pai de Teoria do Medalhão aproveita o aniversário de 21 anos do filho para explicar o que ele deve fazer para ser alguém importante na vida, um “Medalhão”. Perdi um tempinho confusa tentando entender o que era ser um Medalhão, mais aos poucos a ficha cai, ele usa o termo para definir uma pessoa respeitada na sociedade (rica e etc.). As ideias são bem retrógradas: não falar de mais, não expor suas próprias ideias, não ter uma opinião própria, se cercar das pessoas importantes e por aí vai. O filho quase não fala nada, só acha a missão difícil. É quase cômico alguns argumentos, uma excelente crítica para a época, e para a nossa também, e foi isso que Milton Hatoum enxergou para fazer sua releitura.

(…) proíbo-te que chegues a outras conclusões que não sejam as já achatadas por outros. Foge a tudo que possa cheirar a reflexão, originalidade, etc., etc. (Teoria do medalhão – Machado de Assis)

No conto O futuro político, que se passa nos dias de hoje, pai e filho tem uma discussão acalorada, o jovem dessa vez claramente não quer seguir os passos do pai. O pai é um advogado criminalista que defende políticos corruptos, acredita que tudo é normal e justificável, não tem lições muito diferentes do do primeiro conto, que é até citado. Isso aparentemente ocorre depois de uma festa de formatura em que o filho fez um discurso acalorado na frente dos convidados importantes e mafiosos do pai, e mais revelações surgem durante esse pequeno conto. Mandou bem Hatoum!

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Milton Hatoum nasceu em Manaus (AM), em 1952. Foi professor de literatura na Universidade do Amazonas e na Universidade da Califórnia (Berkeley). É autor dos romances Relato de um certo Oriente, Dois irmãos (muito bom!), Cinzas do norte, Órfãos do Eldorado e do livro de contos A cidade ilhada. Em 2014, publicou a coletânea. Um solitário a espreita. Seus livros ganharam vários prêmios e foram traduzidos em quatorze idiomas. Mora em São Paulo e é cronista do caderno 2. (Fonte: Uns e Outros).

Ainda não conhece o projeto? Estou lendo em conjunto com os blogs Ponto para LerLeitora Sempre e Jeniffer Geraldine os contos do livro Uns e Outros publicado pela Tag Experiências Literárias (um clube de livros por assinatura, saiba mais clicando aqui). Os encontros trazem contos clássicos já publicados com releituras de autores de língua portuguesa, nós sorteamos a ordem e montamos um calendário para cada blog (entenda melhor sobre o projeto). Na próxima falaremos sobre os contos Depois do baile de Tolstói e O herói da sombra de Cristóvão Tezza.