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{euLi} Os Irmãos Karamázov – Dostoiévski

23782029_1727865170620796_457071255_nSinopse: Último romance de Dostoiévski, ‘Os Irmãos Karamázov’ representa uma síntese de toda sua produção e é tido por muitos como sua obra-prima. Um marco da literatura universal, influenciou pensadores – como Nietzsche e Freud, que o considerava “o maior romance já escrito” – e sucessivas gerações de escritores em todo o mundo. Um livro ao mesmo tempo filosófico e policial, que trata da conturbada relação entre o devasso Fiódor Karamázov e seus três filhos: Aliócha, “puro” e místico; Ivan, intelectual e atormentado; e Dmitri, orgulhoso e apaixonado. Com mão de mestre, Dostoiévski conduz o leitor numa viagem única pelos recantos mais sombrios e luminosos da alma humana e, com uma trama hipnotizante, consegue prender nossa atenção ao longo das centenas de páginas do volume (traduzido diretamente do russo por Paulo Bezerra).

Uau! Que leitura profunda! Minha primeira leitura de um autor russo, minha primeira leitura do Dostoiévski, acho que vai ser uma daquelas resenhas que não vai fazer jus ao livro, mas vamos tentar. Muito difícil falar também sem dar spoiler. Engraçado que fui começar logo pelo último liro do autor, quando pedi ele de presente não estava pensando muito nisso, na ordem, estava pensando mais como a sinopse é interessante e como tinha aquela curiosidade de ler algo dele. De lá para cá se juntou a ele na estante o Crime e Castigo também que é uma leitura que pretendo fazer ano que vem!

Veja a resenha em vídeo ou segue no texto, ou os dois 😉

 

Os irmãos é um livro que tem muitas interpretações, que acredito que quando eu reler vou captar muito mais detalhes, quem sabe faço isso depois de ler os outros do autor? Bora embarcar nessa missão 😀 !

Apesar de eu ter gostado, confesso que não foi prazerosa o tempo todo, é uma leitura que para quem é novata como eu exige concentração e foco. E gosto por temas filosóficos como a moral, a religião, o certo e o errado. Eu gosto hihi. Em alguns momentos do livro os personagens vão enveredar por diálogos longuíssimos sobre esses temas, alguns eu fiz associação direta com a história e gostei mais, outros achei um pouco cansativos. Tem alguns momentos que parece que o autor está te enrolando para contar a história. Mas na maioria das vezes ele está ali enriquecendo a história ou te dando elementos que serão importantes para o fim do livro, na maioria das vezes.

Mas que históriaaaa fanstástica! Os personagens são riquíssimos, amplamente discutíveis, estão longe de ser uma coisa só e ter um caráter só. Mesmo os 3 irmãos principais, praticamente 4, tendo personalidades totalmente diferentes, eles em si mesmos tem suas nuances.

Fiódor Karamázov  era um homem extremamente devasso que ligou muito pouco para seus filhos na maior parte do tempo. Ele se casa duas vezes por interesses na maior parte do tempo financeiros, primeiro com a mãe de Dmitri. Pelo qual é abandonado e deixa o filho largado aos cuidados dos criados, até que ele é levado por parentes. E o mesmo acontece com Ivan e Aliócha, filhos do segundo casamento, quando a mãe deles morre. Fiódor só tinha interesse no dinheiro e na farra, quase sem coração.

Dmitri é uma versão um pouco menos pior do que o pai, não tão palhação e mais preocupado com sua honra, mas também mete os pés pelas mãos e é um esbanjador que só se preocupa com o momento. Ivan é o intelectual e ateu, que se preocupa muito com tudo e está sempre refletindo sobre suas crenças e atormentado por elas. E Aliócha é o tranquilo e espiritualizado, que quase foi monge e que tenta conciliar a todos, embora seja difícil de acompanhar tanta confusão. Este último é escolhido pelo narrador como o herói da trama, e lemos na nota de rodapé que Dostoiévski gostaria de escrever um segundo livro com ele como personagem principal.

Nesse temos como drama principal, a questão familiar que começa com um problema financeiro, já que Dmitri acredita que o pai lhe deve dinheiro e é muito difícil chegar a uma conclusão sobre isso. Depois se soma isso o fato do pai ter um interesse na mesmo mulher que o filho. Então a relação mais dramática e conturbada é entre eles dois. Dmitri vai chegar a ameaçar o pai aos quatro ventos. Mas seria ele um falador ou realmente capaz de atentar contra a vida do pai? Ele faz tantas besteiras mas ao mesmo tempo tem fama de não mentir e quando o crime acontece em quem devemos acreditar?

Mas antes de chegarmos a isso muita coisa acontece, o primeiro volume do livro que é dividido em 2 nessa edição da editora 34, traz muito sobre cada um. O passado e o presente, o envolvimento conturbado e meio louco de Dmitri com duas mulheres e o que elas representam para ele.

Aliocha no começo está no mosteiro. Ele quase se torna monge se o seu “superior”, digamos assim não o mandasse em missão para o mundo. Sua relação com o pai é de não julgar. E Ivan com todo seu dilema moral por achar que deve proteger o pai mesmo sem gostar dele. Não é o único dilema de Ivan. Ele é ateu, mas a moral o atormenta já que sem Deus há bem e mal? Ou o contrário como Deus e o mal podem coexistir. Há grandes trechos sobre isso: um poema que ele narra para Aliocha, em que Jesus volta mas a recepção é bem longe da esperada, chamado O Grande Inquisidor (durante o livro estamos na Rússia czarista e a Inquisição católica está acontecendo); e um momento que fora de si ele tem uma conversa com o Diabo (que mostra os seus piores pensamentos, porque é como se fosse ele mesmo).

O que não gostei muito são as mulheres, é claro que há uma opressão em cima delas feita pela sociedade, mas elas são retratadas como nervosas demais, histéricas, problemáticas e bipolares. Isso faz das personagens muito cansativas. Tem vários momentos que os personagens acabam cansando um pouco o leitor pela carga de drama que fazem e não só as mulheres não.

Na história temos duas mortes que são esperadas e anunciadas, não é spoiler falar delas. Pelo menos eu acho…

… a do monge importante, que tem características especiais no contexto, e que influenciava diretamente Aliocha (o Zóssima, explico melhor no vídeo). Que representou para mim que por mais que haja nobreza no espirito a morte nos iguala. E a do Karamázov pai que é o que movimenta todo o livro e o transforma num romance policial, quem será que o matou? Quais as consequências disso?Foi Dmitri depois de tantas ameaças? Ou foi outro personagem que vai ganhando importância? Isso acontece mais ou menos na metade do livro, então seria impossível comentar sobre ele sem chegar a esse assunto. Mas a resposta não vou dar porque ai sim seria spoiler, embora dê para ir deduzindo… Quando confirmamos ainda faltam muitas páginas que vão tratar do julgamento e da opinião de fora sobre o caso. No julgamento acontecem mais revelações do que se espera e também um duro embate entre o advogado famoso e a promotoria. Bem interessante!

É uma leitura profunda, que precisa de atenção e calma, mas que também guarda momentos engraçados. E ao mesmo tempo mais fácil de ler do que eu imaginava.

 

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Autor:

Estudante de Jornalismo na UFF, leitora voraz, que gosta muito de dividir com os amigos o que lê, o que gosta de ler e o que amou ler.

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